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Todos os dias um olhar mais atento a um tema que marca a actualidade. Artigos, análises e crónicas exclusivas no SAPO24.

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Catarina (ministra) Martins

Por: António Costa

 

Catarina Martins já tem pose de ministra, já fala como ministra, por isso, só falta mesmo ser ministra do mais do que provável governo de coligação de Esquerda, uma nova troika sem um cheque de 78 mil milhões de euros, mas com a responsabilidade de não deitar fora o que foi feito no país nos últimos quatro anos.

 

A líder do Bloco de Esquerda é mesmo a principal novidade deste momento político do país. Tinha sido na campanha eleitoral, foi na noite das eleições e, passado quase um mês das legislativas, continua a ser a que marca o tom. Sem medo de assumir essa responsabilidade, como se percebe da entrevista que concedeu ontem ao DN. Sim, a disponibilidade do PCP para negociar uma participação no Governo é surpreendente, e muda as regras do jogo, mas percebe-se o desconforto de Jerónimo de Sousa, a luta interior, a si e ao próprio partido, entre o desejo de deitar abaixo o governo de Pedro Passos Coelho e o receio de levar o PCP pelo mesmo caminho de outros PC’s europeus que se juntaram aos socialistas.

 

Catarina Martins, não, pelo contrário, quer estar, quer participar, quer impor uma agenda e está a fazê-lo. Porquê? Porque António Costa decidiu que fará tudo o que for necessário para ser primeiro-ministro e por isso precisa de fazer um acordo com o BE, condição necessária para o PCP ser obrigado a alinhar. Vale a pena reler algumas das respostas de Catarina Martins. “O compromisso político que estávamos a fazer permite aos pensionistas recuperar as suas pensões ao longo da legislatura. Se tivessem um governo de direita iam perder com cortes, se fosse governo do PS ficariam congeladas, e o que posso dizer agora é que há acordo para que as pensões vão ser todas descongeladas e as mais baixas terão mesmo um aumento real”.

 

Querem mais? “Depois de estarem fechados todos os pontos políticos naturalmente tem de haver um acordo formal e aí assumiremos as responsabilidades que forem necessárias para que a solução seja a mais forte possível na defesa dos compromissos políticos que estão no acordo”. E não só. “Estamos muito interessados na consolidação das contas públicas porque quando não há o país fica mais dependente de fatores externos e perde soberania”, sim, é uma afirmação de Catarina Martins, poderia ser o ‘novo’ Tsipras. As contas deste acordo de Esquerda, esse, fica prometido para mais tarde, e até nisto, na forma, já age como ministra.

 

Catarina Martins tem o partido nas mãos, talvez até como nunca Francisco Louçã tenha tido como líder histórico do Bloco. Recuperou-o depois da liderança bicéfala que quase acabava com ele. E o BE está mais perto de ser governo do que alguma vez esteve. Claro que, depois, lá vêm também o discurso anti-austeridade básico, como se não fosse necessário equilibrar as contas, as críticas ao Tratado Orçamental, sem perceber que é uma peça fundamental para que uma zona euro funcione, e à necessidade de reestruturação da dívida à grega, que tão bons resultados deu, como se sabe.

 

Se Catarina Martins chegar mesmo ao Governo, isso passa-lhe. Ou nós, portugueses, é que nos vamos passar.

 

Para ver

 

A TVI passou este fim-de-semana uma reportagem de serviço público sobre a caravana Ayalan Kurdi, uma iniciativa voluntária para levar mantimentos de todo o tipo aos refugiados que estavam a chegar à Europa dita civilizada e que tem tido, tantas vezes, uma resposta pouco melhor do que selvagem. Fica a capacidade de mobilização de tantos portugueses, particulares e empresas, que quiseram apenas ajudar. Ficará para sempre o nome de Ayalan Kurdi, o nome do menino curdo de três anos que morreu a fugir de uma guerra e numa travessia que o deveria levar à costa da Turquia. Não chegou vivo, mas a sua imagem chegou ao mundo. E ficou. E expôs as nossas vergonhas. Vejam e revejam a reportagem de Alexandra Borges e Tiago Donato, para nunca se esquecerem dos valores que deveríamos todos ter.

publicado às 09:50

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