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Todos os dias um olhar mais atento a um tema que marca a actualidade. Artigos, análises e crónicas exclusivas no SAPO24.

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O que podemos aprender com a seleção?

Por: António Costa

 

Portugal é campeão europeu de futebol, um destino que estava longe de estar nas estrelas, foi uma vitória improvável de uma equipa em que poucos acreditavam e de um líder – Fernando Santos – que deitou fora o que é a tradição de jogar bem e de ser o campeão moral. Uma equipa eficiente, produtiva e com objetivos definidos, exatamente o que o país precisa de ser.

 

Os portugueses são românticos, e também no futebol. Foi por isso que aos primeiros jogos, a relação entre os adeptos e a equipa era de puro interesse, sem qualquer amor. Portugal não tinha os melhores jogadores – bem, tinha um, Ronaldo, que não estava no seu melhor -, foi por isso construindo uma equipa. Jogo a jogo, Portugal jogou para ganhar, jogou até para empatar, porque pôs em primeiro lugar os objetivos e não a estética.  À medida que o campeonato avançava – foram sete jogos sem perder um único -, a equipa reconstruiu-se em função das suas próprias fragilidades, mas sempre com uma prioridade, a de chegar à final do Europeu.

 

O futebol é mesmo uma das atividades, muito poucas, em que Portugal aparece à frente dos rankings internacionais, já era, e mesmo assim a seleção nunca tinha ganho uma grande competição. Uma final europeia, duas meias-finais e dois quartos-de-final nos últimos 12 anos só servem para perceber que, no momento da decisão, os portugueses falhavam. Por várias razões, por incapacidade para sofrer, por inexperiência, por falta de foco, por ineficiência nos momentos certos, por correr muito e correr mal. Não é isto, também, do que padece a economia portuguesa?

 

Os rankings internacionais mostram, por exemplo, que Portugal é dos países em que os trabalhadores trabalham mais horas e são menos produtivos do que outros, até do que outros portugueses que estão noutros ambientes laborais. Quando analisamos o percurso desta seleção, a capacidade de sacrifício, a compreensão do que era a sua realidade e os seus meios, a definição de objetivos e de metas claras e a fixação de um plano de trabalho, percebemos que a economia portuguesa seria mais produtiva se aplicasse estes princípios de forma consistente e metódica.

 

As crónicas do dia seguinte – o novo dia desportivo da Nação, 10 de julho – sublinham o que é hoje claro para todos. Portugal não tinha os melhores jogadores, mas foi a melhor equipa, com carácter, mesmo e sobretudo quando todas as probabilidades apontavam no sentido contrário, logo aos 8 min quando Ronaldo foi afastado do jogo mais importante da sua carreira. Quando o que todos apelidavam de pior jogador da equipa se supera e marca o golo decisivo. A crueldade é bela, como escreve o jornal espanhol El Mundo.

 

E seria uma injustiça, neste dia, não recordar o que foram os últimos anos na Federação Portuguesa de Futebol, o planeamento, a preparação, as condições para as seleções mais jovens, até a nova casa das seleções, no Jamor. Faz tudo parte de uma forma de preparar uma equipa que deveria ter seguidores. É isto que podemos aprender com a seleção.

 

 

As escolhas

As primeiras escolhas, claro, só podem ser desportivas.  E se as vitórias são importantes, ganhar em França, aos franceses, tem alguma coisa de poético. Especialmente para os emigrantes, tantas centenas de milhar, de primeira, segunda e até já terceira geração, uma ‘gaiola dourada’ tão bem retratada no filme de Ruben Alves. Como pode ler em www.publico.pt.

 

É claro, a vida não é feita apenas de futebol, e hoje há uma primeira reunião do Eurogrupo, os ministros das Finanças do euro, que vão discutir eventuais sanções a Portugal e Espanha. Amanhã será a vez do Ecofin, o encontro dos ministros das finanças da União Europeia. Caberá agora a António Costa fazer de Fernando Santos, se quiser e souber.

 

Tenham uma boa semana.

 

publicado às 12:34

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