Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

SAPO24 Crónicas

Todos os dias um olhar mais atento a um tema que marca a actualidade. Artigos, análises e crónicas exclusivas no SAPO24.

SAPO24 Crónicas

Todos os dias um olhar mais atento a um tema que marca a actualidade. Artigos, análises e crónicas exclusivas no SAPO24.

Se Ferreira do Amaral falasse em inglês…

Por: Paulo Ferreira

O deslumbramento por declarações de economistas estrangeiros não faz sentido, sobretudo quando, por regra, esses economistas conhecem o país e a nossa economia muito pior do que os seus colegas portugueses e não têm qualquer capacidade de decisão sobre o país.

 

 

Um francês pode estar apenas a ler um folheto de supermercado que a mim parecerá sempre que está a dizer coisas interessantíssimas e muito profundas num programa de Bernard Pivot. E um alemão, ainda que esteja de livro de instruções da máquina de lavar na mão, soará sempre a um filósofo discípulo de Hegel ou Heidegger. Talvez, neste caso, esteja a ser condicionado por Caetano Veloso para quem “está provado que só é possível filosofar em alemão”. E estas coisas, cantadas em português com sotaque do Brasil marcam muito mais.

 

 

Ou então é simplesmente um traço de provincianismo semelhante ao que marca a nossa relação com a tribo dos economistas.

 

 

Em Portugal temos, felizmente, economistas para todos os gostos, feitios e utilidades e é fácil encontrar dois que discordem sobre uma qualquer matéria e que defendam as suas posições com competência. É a vantagem das ciências sociais, como a Economia: todos têm a enorme vantagem de estar potencialmente certos até se passar da teoria à prática. Quando se passa.

 

 

Mesmo as propostas mais arrojadas dentro do “status quo” e das opções estratégicas que o país tomou encontram competentíssimos defensores, que nos fazem sempre pensar e até vacilar sobre aquilo que temos como certezas económicas - se é que tal coisa existe.

 

 

A velha questão da entrada e da permanência de Portugal no euro é um desses temas. João Ferreira do Amaral é a voz mais audível que sempre foi contra a adesão do país à moeda única, numa fase em que o caminho estava só no início. Mas também Miguel Cadilhe, por exemplo, discordou dessa opção política.

 

 

 

Hoje, Ferreira do Amaral mantém que o país teria vantagens em deixar a moeda única. Publicou, inclusive, o livro “Porque devemos sair do euro” há três anos onde explica tim-tim por tim-tim porque é que, no seu entender, deixar o euro é imperioso para que o país saia da crise - ou para que a crise saia do país. E é acompanhado nessa sua teoria por muitos economistas, sobretudo mais à esquerda.

 

 

Mas Ferreira do Amaral, como a generalidade dos economistas portugueses, tem dois problemas em nada relacionados com a sua competência, lucidez e seriedade intelectual: não se expressa normalmente em inglês e nunca ganhou um Nobel.

 

 

Não fosse assim e as suas ideias seriam certamente muito mais destacadas e debatidas. Prova disso foi o que aconteceu esta semana com a entrevista dada por Joseph Stiglitz à Antena Um. O economista americano defendeu também que a saída do euro é, no seu entender, o caminho a seguir. Ora, isto dito em inglês e ainda por cima “por um Nobel da economia” ganha logo outro peso na agenda.

 

 

Este deslumbramento por declarações de economistas estrangeiros - sejam eles de direita ou de esquerda, alemães ou americanos - não faz sentido, sobretudo quando associado a outras duas características: por regra, esses economistas conhecem o país e a nossa economia muito pior do que os seus colegas portugueses e não têm qualquer capacidade de decisão sobre o país. Neste sentido, é muito mais importante para nós - porque pode mexer verdadeiramente nos nossos bolsos - a opinião de um qualquer analista anónimo de uma agência de rating ou de um banco de investimento que transaciona dívida portuguesa do que todos os Nobel da Economia juntos.

 

 

Tivesse Ferreira do Amaral falado em inglês há duas décadas e provavelmente o nosso destino teria sido diferente. Melhor? Nunca saberemos porque essa contra-prova nunca poderá ser feita. Que o desenho do euro está inacabado desde o início é consensual. Que, apesar disso, a nossa vida teria sido mais fácil e mais próspera fora da moeda única como ela existe é que levanta muito mais dúvidas. Os modelos económicos podem indicar que sim, que conseguiríamos mais crescimento, mais emprego e mais prosperidade se tivéssemos usado a liberdade da política económica que o facto de ficarmos fora da moeda única nos teria permitido.

 

 

A questão é que os modelos económicos não incorporam a vontade e qualidade das lideranças políticas. E o que temos assistido ao longo da nossa relativamente curta vida democrática é que os graus de liberdade da política económica são, por regra, utilizados para a asneira imediata ou a prazo.

 

 

Com liberdade cambial e monetária não é descabido imaginar que hoje poderíamos ser uma pequena economia carregada de inflação, com degradação constante do poder de compra e uma competitividade refém da desvalorização cambial. Foi assim durante toda a década de 80 e mesmo no início dos anos 90, quando o país começou a preparar-se para a entrada no euro, não faltaram vozes contra a chamada “política do escudo forte”. Uma delas foi até a de Braga de Macedo, então ministro das Finanças, e levou à demissão de um na altura jovem vice-governador do Banco de Portugal, António Borges.

 

 

De então para cá, a nossa incapacidade para nos governarmos está à vista, apesar da boleia que apanhámos das taxas de juro muito baixas por empréstimo da credibilidade alemã e dos abundantes pacotes de fundos comunitários. A oposição a políticas de rigor que cumpram o objetivo de ter um orçamento equilibrado são, a esse nível, um sinal que só nos pode deixar muito desconfiados.

 

 

Outras leituras

 

Está em curso mais um dos casos clássicos das “zangas de comadres”, desta vez entre Fernando Lima, que durante décadas foi a “sombra” de Cavaco Silva, e o ex-Presidente da República. Tudo para nos recordar que é demasiado cedo para fazer balanços completos da vida política do homem que mais tempo nos liderou nas últimas três décadas.

 

A Lego é um interessante caso-estudo. Na era da electrónica para os mais novos, a resistência, a reinvenção e o crescimento de um dos mais clássicos brinquedos mostra que há um caminho paralelo aos apelos tecnológicos.

publicado às 12:25

Um dia a Europa foi assim

Por: Rute Sousa Vasco

 

Aconteceram várias coisas naquele ano. O FC Porto foi campeão da Europa de futebol pela primeira vez. O Nelson Piquet foi tricampeão na Fórmula 1. A 24 de Junho, exactamente no dia que hoje se assinala, nasceu Lionel Messi. Também foi o ano em que Carlos Drummond de Andrade nos deixou. E, segundo a ONU, esse foi também o ano internacional dos desabrigados ou sem-abrigo, como preferirem.

 

A British Airways foi privatizada e os U2 lançaram The Joshua Tree. O então presidente da Disney, Michael Eisner, e o que seria o futuro presidente de França, Jacques Chirac, assinaram o acordo para a construção da Disneyland em Paris. Em Inglaterra, a primeira-ministra chamava-se Margaret Thatcher e, a 31 de março desse ano, deu uma entrevista de 45 minutos à televisão soviética.

 

Foi o ano em que Portugal assinou com a China o acordo para a entrega de Macau. Os Simpsons apareceram pela primeira vez como pequena animação num programa de televisão chamado The Tracey Ullman Show.

 

E um miúdo com 18 anos, Mathias Rust, piloto na força áerea da República Federal da Alemanha conseguiu furar o espaço aéreo soviético e aterrar um avião na Praça Vermelha, em Moscovo. Foi preso. Uns dias depois, Ronald Reagan que era presidente dos Estados Unidos, numa visita a Berlim desafiou Mikhail Gorbatchev, que era presidente da União Soviética, a derrubar o muro de Berlim, que era um muro que dividia as duas Europas, ocidental e de leste, desde os anos 60.

 

O Acto Único Europeu foi aprovado pela Comunidade Europeia.

Existiam cinco mil milhões de pessoas no mundo (hoje somos sete mil milhões).

Os Pink Floyd, sem Roger Waters, lançaram o álbum “A momentary lapse of reason”.

 

Os meus amigos geeks talvez não saibam, mas foi também o ano em que Larry Wall criou a linguagem de programação Perl.

E no cinema, o Oscar desse ano foi para o filme Platoon – Os bravos do pelotão. Paul Newman ganhou o óscar de melhor actor com o filme The Color of Money e Michael Caine o de melhor actor secundário, tal como Dianne Wiest, em Ana e suas irmãs, de Woody Allen.

 

Este foi o mundo que me foi apresentado em 1987, quando estava a entrar na idade adulta. Tinha coisas erradas. A Thatcher mandava em Inglaterra, o Reagan nos Estados Unidos e havia um homenzinho chamado Ceausescu na Roménia onde aconteciam atrocidades que viríamos a descobrir poucos anos depois. Mas para quem estava a terminar o liceu, havia no ar algo que nos dizia que as coisas iam ficar melhores. Que os bons iam ganhar. Que tínhamos uma grande aventura pela frente.

 

Passaram-se quase 30 anos. E hoje sei que, de alguma forma, estamos a assistir a qualquer coisa de importante para a história dos próximos 30 anos.

 

De forma egoísta e conservadora, desejei que a resposta britânica fosse “ficar” em vez de “sair”. Para que o mundo que é apresentado aos meus filhos que agora chegam à idade adulta fosse mais parecido do que diferente. Para que soubéssemos com o que contávamos (mesmo que não gostássemos disso há muito tempo) e para contarmos com algum contraponto ao eixo-central europeu (Alemanha com França a reboque). Para ‘dar um tempo’ à relação.

 

A verdade é que há muito tempo que não se sente que os bons vão ganhar e que qualquer coisa boa está para acontecer. Vivemos de medo em medo na Europa. Os fantasmas que estávamos a querer expulsar em 1987 regressaram todos, ou quase todos. É uma Europa que não hesita em humilhar os mais fracos, em vergar-se aos mais fortes, sem que se descortine o espírito europeu no discurso sem alma dos tecnocratas de Bruxelas.

 

É também uma Europa que faz justiça à sabedoria popular que diz que quem com ferro mata, com ferro morre. Ainda se lembram do que muitos disseram aquando do referendo na Grécia, há dois anos? Querem democracia? Paguem. Porque, no fim do dia, o projecto europeu é uma grande caixa registadora.

Os gregos não podiam pagar -  os ingleses podem. Vão dizer o quê agora?

 

Boris Johnson e Nigel Farage, dois dos rostos da campanha pelo Brexit, estão longe de ser os Robins dos Bosques da Europa. Pelo contrário.

 

E o apoio "desinteressado" de Putin, Trump e Marine Le Pen ao Brexit mostram, claramente, que uma Europa sem Reino Unido não é uma melhor Europa.

 

Mas às vezes as coisas certas acontecem ou são precipitadas da maneira errada. Escrevo isto e tremo por todas as memórias da história comum europeia, por todas as vezes em que nada disto foi verdade. Depois houve esta ou aquela excepção em que isso pode ter acontecido. Escrevo isto e lembro-me de uma frase do romance "Pai Nosso" da Clara Ferreira Alves em que somos advertidos a prestar atenção a todas as coisas que acontecem pela primeira vez.

 

Ainda assim. 

O Brexit, em si mesmo, pode não ser uma coisa má – é sim garantidamente o início de algo que não sabemos o que vai ser.

É garantidamente o sinal desesperado, porque todos os outros já existiram, de que precisamos de uma nova Europa.

 

(P.S. – E, na política mais caseirinha, para quem duvidava que António Costa era um homem de sorte, as teimas estão tiradas.)

 

Tenham um bom fim de semana

 

 

Outras sugestões:

 

Este foi um texto escrito pelo Pedro Santos Guerreiro no Expresso, um dia antes do jogo Portugal – Hungria, um dia antes do microfonegate. Um dia antes de um jogo de sofrimento e, de alguma forma, redenção. Porque amanhã, mesmo com Brexit, o Euro2016 continua, aqui fica como recomendação de leitura porque vale a pena.

 

E agora, Espanha. No domingo, realizam-se as eleições que – provavelmente – irão indicar quem ficará à frente dos destinos do país. Num tempo que grande turbulência europeia, são ainda mais importantes. Aqui  é um bom sítio para seguir o que se vai passar no país ao lado.

 

 

 

 

 

publicado às 12:03

Os eleitores britânicos e os espanhóis vão a penaltis

Por: Francisco Sena Santos

 

O primeiro campeonato europeu de futebol de seleções, realizado em 1960, foi um quase fiasco, por escassa mobilização. A ideia de juntar os países europeus e apurar os melhores foi de um francês, Henri Delaunay. Nessa década já tinha sido criada, impulsionada por políticos da França, Alemanha Ocidental, Itália e os três países Benelux, a CECA, embrião da CEE que gerou a atual União Europeia.

 

Foi um quebra-cabeças juntar seleções para aquele primeiro Euro com a bola: os ingleses, que se tomam por pátria do futebol, ficaram ciumentos com a iniciativa francesa e não quiseram entrar. Alemães (ao tempo a RFA) e italianos, entre outros, também não. Inscreveram-se 17 países para a fase de qualificação, mas a Espanha renunciou, por ordem política do ditador Franco, que recusou o passaporte para a seleção jogar o apuramento em Moscovo com a comunista União Soviética. Nesse 1960, concorreram ao Euro as seleções de 17 países. Agora, foram 53. A Europa da CEE começou por ter seis países-membros e agora a União Europeia tem 28. A Europa do futebol cresceu, tornou-se pujante e gera paixões, a Europa política também cresceu mas definha como ideal e crescem os desapegos.

 

Se perguntarmos por aí, em inquérito de resposta instantânea, o nome de suecos famosos, o mais provável é que o futebolista Ibrahimovic seja o mais nomeado, muito mais que Ingmar Bergman, August Strindberg ou até Alfred Nobel. Talvez alguns se lembrem de Henning Mankell, mestre do policial e amante de Moçambique. Vão aparecer mais nomes suecos do futebol, como o do treinador Eriksson, mas ninguém saberá que um tal Stefan Lofven é o primeiro-ministro em Estocolmo. Há uns tempos, nas décadas de 70 e 80, toda a gente responderia logo Olof Palme, o político paradigma da social-democracia progressista, solidária e tolerante. Palme assumia-se utópico: “Não podemos viver sem utopias”, disse numa visita a Portugal pouco tempo antes de ter sido assassinado. Nessa viagem a Lisboa, Palme explicou numa entrevista à então RDP que “a política tem de ser feita num diálogo contínuo entre realidade e sonho, porque sem sonho a nossa ética e ideologia desaparecem”. Esse último quarto do século XX foi um tempo de expansão e até de sonho com o ideal de uma Europa luminosa, atraente para todos. Entrámos no século XXI e a coisa começou a correr mal. Houve a infâmia do 11 de setembro que desencadeou guerras e terrorismos que nunca mais pararam, houve os golpes financeiros de 2007, a Europa cresceu e arranjou uma moeda sem estar consistentemente preparada para estas duas coisas, veio a atual geração de dirigentes europeus, veio a austeridade e os cortes sociais, e estamos nisto, sem faísca, sem entusiasmo político, uma Europa frustrante – embora com potencial de ideias e energia para ser radiosa, assim a saibam estimular.

 

Chegámos a um momento em que as eleições e referendos em cada país são um confronto entre sistema e anti-sistema ou partidos tradicionais e forças anti-política. Neste último domingo, em Itália, candidatas de um movimento, o Cinco Estrelas (M5E), que se assume contra o sistema político, conquistaram a presidência de cidades como Roma ou Turim. É facto que Virginia Raggi, eleita em Roma com 67% dos votos, não pode ser etiquetada de populista (rótulo habitualmente atribuído ao M5E do comediante Beppe Grillo, com tendência para propor soluções primárias), é uma política que fez uma campanha afável a prometer “a legalidade, a honestidade e a transparência”, e a propor “uma revolução gentil” que faça “mudar a velha política dos partidos”. Tem na agenda desmontar as redes mafiosas que controlam os serviços, recuperar o civismo, fazer a revolução da normalidade. Ela não apelou ao extremismo da plebe, tratou de juntar uma equipa plural de gente reconhecida como competente em diferentes domínios da gestão de uma cidade, e assim triunfou. Pode ser um bom exemplo de regresso da política com boa chama. Fica para se ver.

 

Estamos numa semana que toda a gente vê determinante para o futuro da Europa. Já depois de amanhã é o referendo britânico sobre o isolacionismo ou a permanência europeia, três dias depois, no domingo, é a repetição de eleições em Espanha. Num caso como noutro, há tendência para o desempate entre os blocos que se confrontam ser feito nos penaltis, ou seja, o resultado só com o apuramento dos últimos votos.

 

 A campanha para a escolha britânica foi deprimente e atingiu níveis impensáveis de divisão, radicalização e até de loucura. O desafio naval entre Neil Farage e Bob Geldof no rio Tamisa pareceu uma cena de Monty Python num filme em que, como em toda a campanha, as duas partes (brexit e pro-UE) exploraram o medo dos cidadãos. Foram usados panfletos xenófobos alertando para a possível invasão do Reino Unido por milhões de turcos e acrescentados mapas sobre alta criminalidade na Turquia. Foi evocada a resistência britânica a Napoleão e a Hitler por entre proclamações de combate aos refugiados como os invasores de agora. Na campanha “remain” também não faltaram  ameaças, desde o colapso da libra ao risco de os reformados perderem os passes e as pensões. Todos abusaram, todos foram demasiado longe na exploração do medo dos votantes.

 

A campanha cada vez mais agressiva foi estancada na passada quinta-feira com o chocante terrível assassinato da inspiradora deputada Jo Cox cujo apaixonante serviço público em trabalho solidário ficámos a conhecer. Não é ainda legítimo declarar o crime com motivação política, mas vários indícios sugerem essa probabilidade, com execução nas mãos de um perturbado seduzido por ideias de extrema-direita. Mas a campanha de violência verbal terá inflamado ódios que podem levar uma criatura mentalmente distorcida a um crime assim.  Esta tragédia terá servido para despertar a Inglaterra – como antes era conhecida – e fazê-la parar e repensar. O eleitorado líquido, como diria Bauman, flutuando na fronteira entre a abstenção e o voto de protesto, estará a juntar o coração à cabeça, e a emoção a puxá-lo para o lado da permanência britânica na Europa. Isso explicará a neutralização dos seis pontos percentuais de avanço que o “Brexit” tinha há uma semana. O mais provável é que tudo fique resolvido nos penaltis.

 

Em Espanha, no domingo, a mesma tendência para que seja preciso esperar pela decisiva contagem dos últimos votos. O que se joga nesta eleição é a modificação profunda do sistema de representação política: será que um movimento nascido na rua com o protesto dos “indignados” vai tornar-se chave para a formação do próximo governo de Espanha? Os partidos tradicionais estão a ficar obsoletos e a deixar de carburar para os eleitores? Há que esperar pela noite de domingo. Vivemos dias que podem ativar um dominó com consequências inimagináveis.

 

Na noite do próximo domingo já estarão apuradas seis das oito seleções que jogarão os quartos de final do Euro 2016. Há 56 anos, no primeiro campeonato, a final foi jogada pelas seleções de dois países que já não existem: a União Soviética que se impôs (2-1) no prolongamento à Jugoslávia. Agora, seria bonito ver na final, num país, a França, que quando foi preciso recebeu tantos emigrantes portugueses, a seleção de outro país, Portugal, que está a ser um raro bom exemplo europeu no dever de acolhimento dos refugiados. A Inglaterra (tal como Gales e a Irlanda do Norte) começou este Euro dentro da União Europeia, mas não é certo que no final continue a fazer parte da Europa política. Culturalmente, não há separação possível, ainda que a história europeia tenha como pilares a velha Grécia, o Império Romano, o Renascimento e o Iluminismo. Também a matriz cristã.   

 

A TER EM CONTA:

 

As cidades governadas por mulheres: Madrid, Barcelona, Paris, Turim, Roma, Colónia, Varsóvia e Estocolmo são algumas das cidades europeias com poder feminino.

 

O "pactómetro" proposto por La Vanguardia: como formar uma maioria de governo em Espanha?

 

A guerra continua no Iraque. A batalha por Falluja gerou dezenas de milhar de refugiados. Trinta mil só nestes últimos dias. O "EI" perde território, mas pode ser apenas um recuo estratégico.

 

A música tem mesmo poderes mágicos e leva à dança: um violinista embalava uma rua de Trieste com a música que é banda sonora do filme “O fabuloso destino de Amélie”; uma palestiniana, Rima Baransi, que estuda dança em Berlim, ia a passar com a família em férias, e foi assim. Com grande beleza.

 

Pela estrada fora, outra vez, sempre, na América.

 

As primeiras páginas britânicas a dois dias do referendo. The Guardian e The Daily Telegraph puxam a sua escolha para o topo.

 

O ocaso da Oi na primeira página do Estadão.

publicado às 09:44

Arquivo

  1. 2016
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2015
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D