Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

SAPO24 Crónicas

Todos os dias um olhar mais atento a um tema que marca a actualidade. Artigos, análises e crónicas exclusivas no SAPO24.

SAPO24 Crónicas

Todos os dias um olhar mais atento a um tema que marca a actualidade. Artigos, análises e crónicas exclusivas no SAPO24.

O amor é um lugar estranho. E esse lugar fica no Japão

Por: João e Ana

 

Quando no ano de 2003 os espetadores portugueses perceberam que o novo filme de Sofia Coppola se ia chamar "O amor é um lugar estranho" - para a tradução de "Lost in Translation" - ficaram confusos. Mais uma vez, que porcaria de tradução, diziam muitos! Ficaria assim tão mal "Perdidos na Tradução"?

 

18760968_3V1rZ.jpeg

 

Traduções à parte, dificilmente haverá, pelo menos até agora, um título melhor para aquele filme do que "O amor é um lugar estranho". Primeiro porque a frase, por si só, faz todo o sentido. O amor é um lugar estranho por ser um conjunto de sentimentos positivos e negativos. Há o carinho e há o ciúme, há a dedicação e há os sacrifícios, e por aí adiante. Mas não vamos desviar-nos do verdadeiro assunto: O Japão.

 

Esta introdução foi necessária para perceber o que é o Japão, segundo a nossa perspetiva claro. O Japão é mesmo um lugar estranho, por termos amado muito mas também por ter existido algo que, no momento, nos fez recuar na nossa opinião. Estamos a falar da gastronomia.

 

Não partimos para o Japão com o objetivo de encontrar o melhor sushi do mundo, até porque sabíamos que aquele que se faz na Europa é mais ao nosso gosto, o chamado sushi de fusão. Mas sempre nos disseram que no Japão se come maravilhosamente bem. Podemos dizer que foi a nossa pior experiência gastronómica de todas as viagens. De todos os restaurantes de sushi onde entrámos, gostámos apenas de um. E estivemos lá 10 dias!

 

Não pensem que vão ao Japão para encontrar restaurantes de sushi em cada esquina porque vão enganados. Pensávamos que lá o sushi era o equivalente ao bacalhau em Portugal, mas não. O sushi está mais para o preguinho. Preparem-se para encontrar muito porco frito, pele de galinha frita, coração de galinha frito, dumplings de consistência estranha e Okonomiyakis (uma panqueca frita com rebentos de soja, molho de barbecue, maionese e outras coisas estranhas no meio). Pelo meio ainda fazem umas omeletas em cima do arroz para o deixar bem empapado, de gordura. Ah, quanto a doces, esqueçam...bolos só de massa é para meninos, quanto mais nata e creme tiverem por cima mais delicioso é (ou não) e, na maioria das vezes, ainda conseguem juntar-lhes uma compota de feijão, no mínimo intragável.

 

Atenção que isto foi simplesmente a nossa experiência. Conhecemos pessoas que lá foram e adoraram a comida. Dizem até que é a Meca da gastronomia. Não conseguimos perceber...

 

Mas o Japão é muito mais do que isto (e com uns bons hambúrgueres e bifes as coisas recompõem-se), conhecer o país do sol nascente é das experiências mais sensacionais que alguma vez vivemos. Já pensaram num país em que não têm de ficar preocupados com as bolsas e mochilas no metro? Onde se fazem filas indianas para entrar nos comboios de alta velocidade ou sermos atendidos em cafés? Onde não suportam ver um cliente insatisfeito? Onde as sanitas têm jactos de água com temperatura e intensidade reguláveis, brisas secantes e música ambiente? Além do mais, aliado a isto tudo, ainda somos brindados com comodidade, civismo e pontualidade de excelência.

 

Já que referimos, deixem-nos falar de civismo, que desde que fomos ao Japão essa palavra adquiriu o seu verdadeiro sentido. No Japão pedem-nos para colocar o nosso telemóvel em silêncio no metro ou para falarmos baixo, isto para não incomodarmos os outros passageiros. Imaginamos a surpresa de um japonês quando visita Portugal e se depara com a chincalharia das nossas carruagens... No Japão, as pessoas que trabalham para os serviços de transporte fazem todos os possíveis para que as nossas viagens sejam cómodas, com tudo impecavelmente explicado, mesmo que para eles seja muito difícil comunicar em inglês. Ou seja, é tudo aquilo que esperamos enquanto turistas num país onde a comunicação não é fácil.

 

E o que dizer das cores do Japão? Passear pelas ruas modernas japonesas é entrar numa máquina arcade de videojogos, com direito às luzes néon e ao sair já estarmos de repente num quadro pintado com uma palete de vermelhos, amarelos, roxos e laranjas, como acontece nas zonas mais tradicionais como, por exemplo, Quioto. Do nada, alguém acendeu um vela de incenso e somos transportados para a serenidade japonesa nos seus belos jardins. E do nada, reaparecem os letreiros neón e já estamos outra vez na máquina arcade de videojogos.

 

Viver o Japão é ainda mais, é ser apanhado em contra-corrente na passadeira mais movimentada do mundo, beber um café calmamente sentado numa mesa com vistas para o exterior enquanto vemos os japoneses agitados lá fora. É poder fazer parte da história da II Guerra Mundial (Hiroshima) e visitar castelos do Período Edo. É sentir o orgulho dos pais quando queremos tirar uma fotografia com os filhos que estão vestidos de Gueixas ou Taikomochi. É ser bem recebido pelos japoneses e ter vontade de lá voltar apenas porque nos deram muitos sorrisos.

 

E ainda dizem que a hospitalidade e o civismo não servem como cartões de visita para os turistas? Conhecer o Japão é conhecer tudo aquilo que não iremos visitar nunca mais, em nenhum outro lugar estranho.

 

Além de um casal apaixonado um pelo outro, também somos apaixonados por partilhar as nossas experiências em viagem. É algo que nos faz redescobrir o prazer de gostar tanto da vida. Somos o João e Ana, quase casados, e decidimos criar o blogue Volto Já, feito para pessoas que pertencem a vários lugares. Lugares esses que gostamos de conhecer pela experiência de ser apenas mais um no meio de tantos, falando por exemplo das movimentadas ruas de Tóquio. Ou subir ao topo do Pão de Açúcar e ficar deslumbrados com o Rio de Janeiro. Sem esquecer as luzes estonteantes de Nova Iorque. Mas gostamos de declarar um amor incansável pela Europa. França e Itália estão no nosso topo de preferências. Países que nos oferecem tudo o que precisamos para ser felizes. O tempo avança e as responsabilidades aumentam, mas não vamos parar de viajar. Queremos dizer sempre “voltamos já”.

publicado às 08:09

Ai, Monica, Monica, estás tão interessante para uma mulher da tua idade

Por: Ana Godinho

 

Pela primeira vez na história do espião ao serviço de Sua Majestade, 007, há uma Bond Girl com 50 anos. O choque! Monica Bellucci, uma espécie de marca registada: a provocar suspiros desde 1964.

monica 2 

É uma verdade quase universal que a bela Monica é uma mulher que causa emoções fortes. Em conversa de rua, é ‘boa todos os dias’. Os homens dizem-no com ar sonhador, lascivo vá, as mulheres reconhecem-no com admiração. Todos se lembram de algum filme com a ‘bella Bellucci’. Homem que é homem viu o Malèna e nunca se esqueceu. Ainda hoje se baba. E se uns percorreriam um lodaçal repleto de sanguessugas só para poder respirar o mesmo ar da belíssima Bellucci, outros relembram as embalagens de Kleenex gastas na sua juventude.

 

Inveja? Nem sequer dá para ter inveja.

 

A Monica pertence àquele mundo de mulheres irreais que por mais que os anos passem, continuam sempre fantásticas, sedutoras, interessantes e apetecíveis. Como a Sharon Stone que, recentemente, e do alto dos seus 57 anos, posou nua para a Harper’s Bazaar. Ou a Elle MacPherson que, em 2013, também foi capa na mesma revista. Despida, só uns collants transparentes e com 49 anos em cima.

 

Serão estas mulheres tão diferentes das reais, de nós comuns mortais? Uma coisa é certa. Para além de bons genes, têm dinheiro, spas e tratamentos de toda a espécie para o cabelo, rosto, pescoço, colo, abdominais, ancas, coxas, pernas e pés. E unhas. E contorno dos olhos. E extensões de pestanas.

 

As mulheres reais conseguem ir ao cabeleireiro uma ou duas vezes por mês, e é quando a coisa está de feição. As unhas partem-se, as gordurinhas instalam-se naquela meia hora na tasca mais próxima do emprego, enquanto atendem o telefone entre duas dentadas na bifana. Ora poupem-nos! Tivéssemos nós – as reais – duas horas com uma equipa para nos alindar antes de nos pormos no trânsito e todas soltariam um pouco de Bellucci por essas ruas fora.

 

Injustiça? Bem, um bocadinho. Mas se fôssemos todas assim fantásticas, isto também era um grande enjoo. A beleza está na simetria, mas o interesse está nas pequenas imperfeições, gestos peculiares, um sorrisinho um pouco idiota, o enrubescer em situações complicadas ou nas gargalhadas sonoras que chegam às lágrimas.

 

A verdadeira injustiça é esta: aos homens, os cabelos brancos dão charme. Às mulheres, só dão despesa. Em idas mensais ao cabeleireiro. Um homem de meia-idade é charmoso, interessante e outras coisas que tal. São todos uns George Clooney. Uma mulher de meia-idade recebe, de vez em quando, o ‘elogio’: estás ótima para a tua idade!,ou, numa versão mais gueto, és uma cota enxuta! (Pausa para bolçar).

 

Um homem de meia-idade compra um descapotável ou uma moto e troca a mulher de 40 por várias de 20. Uma mulher de meia-idade luta pelo seu lugar na empresa sem nunca ser levada a sério, vai a correr para casa para fazer o jantar e dar banho aos miúdos.

 

Depois de todas estas injustiças, há esperança para uma quarentona real? Poderá ambicionar ser uma cinquentinha apetecível?

 

Todas nós, que andamos normalmente pela rua, sem entourage, equipa de maquilhagem ou uma ventoinha para nos fazer esvoaçar o cabelo, sabemos que sim! E somos estranhamente ‘interessantes’ a começar pelos de 20, que têm idade para ser nossos filhos, até àqueles que têm idade para serem avôs. Nossos avôs.

 

Ainda há esperança. O paradigma mudou. As mulheres interessantes são aquelas entre os 30 e 50 anos. Ou entre os 40 e logo se vê. Até da Monica dizem o mesmo. Apesar de ser ‘boa todos os dias’, há uns melhores que outros. E esses dias foram entre os 35 e os 45 anos.*

 

Monica, as mulheres reais só têm de te agradecer pela tua existência. Conseguiste mostrar que as ‘cotas enxutas’ ainda têm muito para dar. E receber. És a prova viva da revolução no conceito de ‘uma mulher de uma certa idade’.

 

 

* (sondagem realizada com a maior acuidade dentre um universo de 20 homens heterossexuais dos 30 aos 70 anos)

publicado às 09:49

Imigrantes ou migrantes, tanto faz. Há um muro à sua espera

Por: Alice Barcellos

 

Na sua maioria estão em fuga dos seus países de origem destroçados pela guerra – Síria e Afeganistão. Vêm à procura de asilo político e de um novo começo. Aspirações que têm pela frente vários muros a escalar.

 

000_Par8249697.jpg

 Família síria chega à ilha de Kos, Grécia. Foto: AFP

 

A História ensina-nos sempre lições e mostra-nos como o tempo é algo tão relativo. No ano passado, assinalaram-se 25 anos da queda do Muro de Berlim. Fizeram-se reportagens, entrevistas sentidas, reconstituições da data; líderes políticos passaram mensagens de paz e solidariedade. Lembrar para que nunca mais volte a acontecer.

 

A verdade é que, nem um ano volvido da celebração desta data, a Europa está mais dividida do que nunca, e o pior é que alguns destes muros não são físicos, são barreiras invisíveis construídas por ideias e políticas – talvez as mais difíceis de derrubar.

 

O que são 25 anos na história recente da Europa e do Mundo? Quase nada ou muito tempo, dependendo da perspectiva que se tenha e da análise que se faça. É muito, se pensarmos em tudo o que mudou ao nível político, social e económico durante este um quarto de século. É pouco, quando constatamos que erros do passado continuam a repetir-se aqui tão perto. É tão pouco quando ainda tantos de nós têm vivas as memórias de uma Europa dividida.

 

Abafada pelas notícias da crise na Grécia, a Hungria foi anunciando ao mundo o sucesso da construção de um muro na fronteira com a Sérvia. O governo de Budapeste quer travar a entrada de imigrantes. Só este ano já foram mais de 78 mil pessoas a tentar entrar na Hungria pela fronteira com a Sérvia. Destas, poucas realmente conseguiram. O Governo só concedeu asilo a 240 pessoas durante este ano e tem recebido críticas por causa do repatriamento sistemático dos imigrantes ilegais.

 

Imigrantes ou migrantes, tanto faz, na sua maioria estão em fuga dos seus países de origem destroçados pela guerra – Síria e Afeganistão. Recorrem a esta porta de entrada na Europa para depois tentarem seguir viagem para outros países, como Alemanha ou Áustria. Vêm à procura de asilo político e de um novo começo. Aspirações que vão, a partir de agora, ter de “escalar” um muro de 175 quilómetros de comprimento e quatro metros de altura, que custou 21 milhões de euros.

 

A Hungria, que entrou para a União Europeia em 2004, tem sido criticada por outros parceiros, mas nada que tenha demovido o governo de Victor Órban de desistir da ideia de um muro como forma de combater o enorme fluxo migratório que está a atingir a Europa.

 

Por ironia do destino (ou não), no mesmo período em que o governo húngaro se congratulou ao mundo pela sua solução para travar a imigração, a UE erguia também um muro à volta da Grécia e das soluções apresentadas por Tsipras e Varoufakis, rodeado de números, memorandos e exigências. Nas ruas, o povo grego batia com a cara nas portas fechadas dos bancos. Mais um tijolo no muro invisível que vai dividindo a Europa.

 

Apesar da divisão de ideias e mentalidades, a Europa continua a ser o local de sonho e segurança para muita gente, principalmente para quem está numa situação miserável, a fugir de guerras e conflitos. Para quem já não tem mais nada a perder a não ser a própria vida. E qual tem sido a resposta da Europa a estas pessoas? Muros.

 

Antes da Hungria, já outro Estado-membro da UE tinha optado por esta solução. A Bulgária começou a construir, no ano passado, um muro de 32 quilómetros na sua fronteira com a Turquia e tem planos de alargá-lo por mais 82 quilómetros nos próximos tempos. A guerra civil na Síria, que assola o país desde 2011, já causou mais de 4 milhões de refugiados. Metade destes está na Turquia, que faz fronteira com a Síria e que se tornou o país com mais refugiados do mundo.

 

Mais recente é o muro em que se transformou Calais. Se antes a cidade portuária era um ponto de ligação entre França e Inglaterra, e continua a ser para quem tem um passaporte, agora é um limbo para milhares de imigrantes que tentam a sua sorte numa fronteira cada vez mais vigiada.

 

Em julho, o Reino Unido anunciou o financiamento de 9,9 milhões de euros para a construção de uma nova vedação em Coquelles, além de assegurar o reforço da segurança na entrada para o Canal da Mancha.

 

O discurso anti-imigração de David Cameron e companhia conseguiu desfigurar a realidade que se vive em Calais, fazendo daquela fronteira um “campo de batalha” contra a imigração ilegal, que conseguiu roubar a atenção dos media.

 

Mas contra factos não há argumentos: este ano chegaram a Calais entre a 2 a 5 mil pessoas, contra as 200 mil que chegaram a Itália e Grécia. Entre os países da UE mais procurados por imigrantes, Inglaterra é o que menos concede asilo: em 2014, o país recebeu quase 26 mil pedidos de asilo e concedeu 10.050. A Alemanha concedeu 97.275 e a França 68.500.

 

Erguem-se novos muros em Calais, vedações são reforçadas, há mais arame farpado e polícias, mas o Mediterrâneo continua a ser a principal rota para aqueles que procuram entrar na Europa. Rota para milhares, cemitério para outros tantos, o mar que, outrora, ligou países e culturas é, hoje, cenário de tragédias constantes.

 

Foi a partir dos botes sobrelotados de olhares perdidos e desesperados que começamos a ouvir os termos “migrantes” e “ilegais”. Mais um “mito” criado à volta de quem aqui chega que é, sobretudo, refugiado (62% dos que chegaram à Europa pelo Mediterrâneo fogem das guerras na Síria, no Afeganistão e Sudão). E, acima de tudo, são pessoas. São vidas arrebentadas por guerras e outros tantos horrores que vão sofrendo desde que resolvem fugir da morte quase certa nos seus países.

 

É este facto tão simples que tem passado ao lado, como um barquinho de papel numa piscina, dos nossos líderes políticos. É inconcebível virar as costas e fechar as portas a estas pessoas. Vai ser fácil acolhê-las e lidar com a maior crise de refugiados desde a II Guerra Mundial? Não. Mas continuar a erguer muros e a fechar os olhos não pode ser a única e vergonhosa resposta que temos para dar.

 

Alice Barcellos é jornalista de profissão e poeta de coração. Nasceu no Rio de Janeiro, em 1986, mas trocou a cidade Maravilhosa pela cidade Invicta há 15 anos. Adora contar estórias, quer seja em texto, fotografia ou vídeo. Quando não está a trabalhar no SAPO (e em outros projetos que vai participando), gosta de ter a cabeça voltada para o mar e para os livros, para os seus gatos e cadela ou jogar conversa fora com amigos.

publicado às 11:03

Isto é empreendedorismo. Bem-vindos ao mundo do Tom Sawyer

Por: Rute Sousa Vasco

tom sawyer 2

De todas as cenas imperdíveis nas Aventuras de Tom Sawyer, uma é a master piece da psicologia invertida. Aquela em que Tom Sawyer é colocado de castigo pela tia Polly e obrigado a pintar o muro da casa. Rodeado de garotos de 11, 12 anos, o herói de Mark Twain não se deixa intimidar nem enfraquecer. Pelo contrário. “Já viram bem a oportunidade? Quantos miúdos da nossa idade não dariam tudo pela possibilidade de pintar um muro inteiro?”. O episódio acaba com toda a tribo a pintar o muro e este excerto devia ser elevado à categoria de encíclica na missa do empreendedorismo, entre outras coisas.

 

Os empreendedores – melhor, os startupers – da 2ª década do século XXI são muito diferentes daqueles que faziam uma nova empresa nas décadas anteriores, sobretudo os dos anos 90 e 80. Poderíamos especular que resulta dos ensinamentos anteriores, da experiência, de learning lessons, mas, na realidade, não é bem assim. Sobretudo, porque a maior parte destes startupers é demasiado novo para ter sequer memória da aventura yuppie dos anos 80 e mesmo da febre dotcom/nova economia dos anos 90.

 

Este artigo resulta de uma conversa numa noite de verão. Falava-se sobre a moda de ter uma startup. E de como, para muitos jovens empreendedores, mais do que ter um negócio e encontrar um caminho de realização, lançar uma startup é, também, uma forma de vida, um sentimento de pertença a uma comunidade e até um prolongamento da doce liberdade da adolescência quando tudo é ao mesmo tempo possível e impossível. Muitos podem ser contagiados pelo efeito ‘moda’, mas, na realidade, esse é um problema menor. O tempo passará e como todas as coreografias que não passaram disso mesmo, se esse for o caso, será substituída por outra coisa qualquer. Interessa mais o que fica, a mudança profunda. E uma das mudanças profundas destes anos em que o capitalismo mostrou as suas maiores forças e as suas terríveis fraquezas, é que nunca foi tão barato financiar novas ideias e colocar novas empresas no mercado.

 

O modo de vida de um verdadeiro empreendedor / startuper não é muito diferente de um miúdo de 18 ou 20 anos acabado de chegar à universidade. É verdade que alguns têm mesmo 18 ou 20 anos, mas vamos deter o nosso olhar sobre os mais maduros. Terão entre 25 e 35 anos, muitos com um doutoramento em áreas de grande complexidade e talvez já com uma ou duas experiências prévias em startups que não conseguiram ter sucesso. Mas eles continuam. Recusam entrar no pipeline das grandes empresas, fato e gravata, secretária, gabinete, carro de serviço. Vivem em apartamentos de renda dividida, comem hamburguers, adiam famílias o mais que podem. (a família, sendo uma escolha, traz o vínculo a uma prisão económica de que querem escapar).

 

Estes miúdos já são gente crescida. Não são caloiros, não são estagiários. Trabalham, por decisão própria, mais horas do que algum patrão lhes poderia algum dia exigir (e obter). Menos de 12 horas é para meninos. Fins de semana, feriados, férias … há quem não domine exactamente o conceito. Desde que saíram de casa dos pais que não conhecem outras companhias de aviação que não as low cost e outros hóteis que não os hostels ou os apartamentos arrendados a dividir por quatro, cinco, seis. Nada disso os perturba. Vivem num regime de escravatura moderna, mas são felizes. São escravos do tempo que não têm, das horas sem fim a desenvolver produtos, do compromisso multi-funções que os torna CEOs, programadores, cientistas, marketeers, helpdesks, moço de entregas, motorista. O que for preciso. São felizes.

 

Para alguns, um dia as coisas correm bem. O que é correr bem? É conseguir um investimento. É poder dizer à tribo de startupers ‘nós levantámos um milhão’. Levantaram de onde? Do banco? Não, de um ou de vários investidores que, vencidos pitchs, roadshows, prototipagens e alguma sorte ‘social’ decidiram investir naquela ideia, naquele projecto, naquela equipa.

 

Com um milhão, a vida muda, certo? Errado. Na maior parte dos casos não muda quase nada. Continuam a viver no mesmo apartamento arrendado, a comer os mesmos hamburgers e pizzas, a viajar nas mesmas low cost e a não ter o mesmo ordenado. Leram bem. A maioria destes startupers não tem ordenado atribuído, muitos vivem meses a fio sem qualquer tipo de rendimento, fazendo esticar a corda de poupanças, pequenos prémios de incentivo e afins. Quando o ‘big money’ chega, há euforia pela validação e pelo oxigénio, mas é uma euforia cautelosa. O dinheiro não é para gastar. Não vão a correr para um escritório maior e não vão contratar gente por aí além. Se calhar nem vão contratar. O dinheiro é para durar. O dinheiro é para garantir que conseguem perdurar no tempo. Mesmo que a startup não dispare. Mesmo que não haja a ‘tracção’ necessária.

 

O importante é não parar. O importante é continuar na corrida. Uma espécie de maratona, garantidamente uma prova de resistência em que o prémio que faz correr se chama liberdade. ‘Something mine’. Ser dono de mim próprio. É esse o bichinho. É essa a diferença. Porque as empresas grandes também caem (caramba, até os bancos caem). Mas sobretudo porque as empresas grandes se assomam como prisões onde todo e qualquer acto de liberdade, criatividade e irreverência será suprimido no instante em que se cruzar a porta de entrada. Pode ser percepção, mas esta percepção está a mudar uma geração. Os filhos dos yuppies não querem ser cavalheiros e senhoras de fato, gravata e vestido bem comportado. Não querem entrar às 9, sair 12 horas depois e ambicionar ao lugar do chefe, aos favores do chefe, ao aumento que poderá ser atribuído se-fizer-tudo-bem. Adiam os quatro filhos, o cão e a casa de praia para mais tarde. Têm tempo.

 

Os filhos dos yuppies querem ser cool, querem poder ir trabalhar de chinelo e calções e sobretudo querem ser livres. Alguns querem tão desesperadamente ser livres que estão dispostos a escravizar os ditos melhores anos da sua vida em busca do santo graal que os levará a essa liberdade. Outros farão ‘isto’ vida fora, se nada lhes interromper o caminho: mais que dinheiro, estatuto, qualidade de vida, querem um propósito. Querem mudar o mundo e, já se sabe, hoje é nas empresas que se muda o mundo.

 

Na plateia, em filas VIP, os donos do dinheiro assistem de forma privilegiada ao que se passa neste palco. Têm tantos actores, tantas narrativas diferentes, tantos efeitos especiais possíveis. Só têm de escolher, em função do seu perfil de investimento, da sua ganância ou generosidade e, também para alguns, do seu propósito. Mas nunca foi tão barato comprar ideias e criar novas empresas. Sem ter responsabilidade sobre equipas, salários, valores futuros. Vivendo para o presente e para um futuro a não mais que três anos. E podendo diversificar apostas em quantos actores e narrativas a carteira entender acomodar.

 

O mundo anda hoje mais rápido do que nunca e os startupers são a sua grande alavanca. Não param de crescer e não param de correr. Empregar cinco doutorados numa área de ponta não custaria a um investidor menos de meio milhão por ano. Trabalhariam certamente muito e bem, mas ainda assim menos e pior do que para eles próprios. O mesmo meio milhão é sinónimo de ‘levantar dinheiro’ para dois ou três anos, sem outros encargos. Se a ideia vencer, o investidor tem tudo a ganhar; se perder, não perde mais do que investiu.

 

No conceito americano, uma startup é uma empresa de rápido crescimento. Uma boa ideia, um negócio a crescer rápido e para vender rápido. Uma startup à portuguesa é outra coisa. Uma boa ideia, mas em muitos casos, também um longo calvário. Até que alguém acredite no projecto, até que todo o dinheiro gasto mostre evidências que vai ser um bom negócio. Quem fala com empreendedores regularmente, ouve demasiadas vezes a mesma história. Os investidores à procura de dinheiro rápido e fácil, os bancos à procura de dinheiro seguro e os incentivos que consomem horas e horas, muitas vezes em exercícios de pura especulação.

 

Ainda assim, cá fora, são invejados. Pelas grandes empresas, subitamente menos sexy. E por todos os que também decidem abrir um qualquer negócio e que em vez de terem uma empresa dizem que também têm uma startup. Uns e outros preocupam-se com a liturgia. Tentam fazer parte da religião, copiam-lhes os tiques, perseguem-lhes o estilo.

Nunca leram as aventuras de Tom Sawyer. E só por isso não sabem que para fazer de pintar o muro uma experiência, é preciso acreditar – ou fazer acreditar – que pintar o muro é ‘a’ experiência.

 

Rute Sousa Vasco é jornalista e directora de conteúdos do SAPO. Escreveu dois livros, "A sorte dá muito trabalho" e "Banco bom, banco mau". Gosta de política, de discussões acaloradas sobre por onde vai o mundo e de conhecer novas ideias. É também sócia de uma  empresa que acredita no poder das boas histórias, justamente chamada True Stories. Costumam dizer-lhe que foi empreendedora antes de tempo e por isso aprendeu mais cedo que ser patrão é mais trabalho e menos conhaque. É mãe do Miguel e da Margarida, os seus interesses maiores na vida. Entre os outros contam-se alguns prazeres da cozinha, escrever, ler e pensar.

publicado às 10:28

Todas as fotografias do mundo na ponta do selfie stick

Por: Paulo Rascão

ellen selfie

 

Na época vitoriana ninguém pensava sair à rua sem chapéu. Hoje é quase impossível cruzarmo-nos com alguém sem telemóvel, aquele objecto que serve para as pessoas falarem a quilómetros de distância, sem ligações físicas, nem fios. É importante relembrar a função do aparelho porque, nos longínquos anos 90, a nova forma de comunicar foi recebida com previsões pouco animadoras e uma das razões para tal era que as pessoas não teriam tanto assunto para falar que justificasse andarem sempre com um telefone atrás. A história veio provar  que este pressuposto estava errado, ainda que certo. 

 

Hoje fazer chamadas é apenas uma das coisas que se pode fazer com um telemóvel e não arrisco muito se disser que nem é a mais importante. As mensagens escritas, primeiro, e as fotografias, depois, ganharam terreno a olhos vistos face à comunicação por voz. Só dentro do serviço whatsapp, o número de mensagens trocadas num só dia equivale, em volume, a dezenas de exemplares de toda a obra que Platão escreveu durante a longa vida que teve. O filósofo grego, pilar da cultura e pensamento occidental, não poderia conceber tamanha "produção intelectual"  quando, no seu jardim, fazia Aristóteles e outros pensarem no sentido da vida. O que diria então Nicéphore Niépce, o primeiro dos fotógrafos, que na vertigem do tempo conseguiu apressadamente ser o primeiro a registar e, sobretudo a preservar com sucesso, a primeira fotografia (foto do grego luz e grafia escrita ou registo) ou melhor dizendo a primeira heliografia (helio do grego sol). 

 

Só tinha passado pouco mais de um quarto do novo século XIX quando Niépce, que vivia em Chalon-sur-Saône, uma cidade muito simpática a cerca de 300 kms de Paris, escolheu como cenário da primeira fotografia histórica a vista da janela mais alta da sua casa. O  breve "clique"  demorou apenas oito horas, e desde logo resolveu um problema que ainda hoje atormenta fotógrafos de arquitetura ou paisagem: na primeira fotografia de todas, as duas fachadas opostas dos prédios estão igualmente iluminadas, o que só veio dar razão ao velho Galileu, e alegria aos dois vizinhos do fotógrafo primordial. O movimento da terra não tremeu a fotografia, mas fez o sol iluminar os dois lados da imagem. Ficámos também a saber com isto que os dados de geo-referenciação que hoje os telemóveis colocam como tag nas fotografias já lá estavam na primeiríssima com outra exatidão. Hoje sabemos sem sombra de dúvidas e justamente pelas sombras da imagem que a janela estaria a virada para norte.

 

Hoje em oito horas fazem-se milhões de novas fotografias. Com os sensores digitais modernos e uma técnica parecida à utilizada pelo pai da fotografia, estão na moda os timelapses, como podemos ver no genérico da série House of Cards. A técnica usada tem mais parecenças que diferenças, trata-se de uma câmara num tripé várias horas a apontar para o mesmo sítio, com a diferença que se vão fazendo vários disparos de forma intervalada e, já agora, também se vê a luz a mudar.

 

Niépce não era fotógrafo, não só por a fotografia não ter sido inventada ainda, mas porque o seu interesse recaía sobre a litografia, uma técnica que, na altura, já era quase centenária (foi inventada em 1796 por um alemão, Alois Senefelder, um actor e escritor de teatro que queria encontrar uma forma fazer cópias dos seus textos). 

 

Senefelder soube usar  esta técnica muito bem. A litografia ou litogravura (lito do grego pedra) consiste em "desenhar" ou gravar numa matriz de pedra calcária, com um lápis gorduroso. As partes da pedra que têm gordura "agarram" a tinta; nas outras, a tinta escorre, e depois basta calcar um papel, por exemplo, em cima da pedra e o desenho será transferido. Uma aplicação prática da velha máxima de que água e azeite não se misturam. Anos mais tarde isto seria muito inspirador para os senhores da Polaroid, pois a técnica das fotografias instantâneas, que hoje temos dificuldade em continuar a justificar face ao digital, é justamente obtidas por transferência.

 

A história da fotografia é consistente desde o início. Niépce não era dotado de grande mão para o desenho, pelo que precisava de encontrar uma forma de passar para a pedra as imagens, sem depender da habilidade com o lápis . Começou assim a explorar materiais foto-sensíveis, que já se conheciam há muito. Desde a antiguidade que se limpam as pratas de tempos a tempos, porque ficam escuras. Mas só em 1727, um professor de anatomia, Johann Heinrich, provou que os sais de prata escureciam com a luz e não devido ao tempo ou ao calor, desmistificando assim a razão pela qual as empregadas limpavam melhor as pratas no Inverno do que no Verão. Mais sol a entrar pela janela e lá vai a baixela ficar escura em menos tempo. 

 

A solução passou pela utilização de betume judaico; uma espécie de petróleo ou alcatrão que se encontra em estado natural em poças, e que era já utilizado, reza a História, desde os tempos biblícos (Deus mandara a Noé: "Faz para ti uma arca de madeira (...) e a betumarás, por dentro e por fora, com betume. "  Génesis 6, 14). O betume judaíco ou alcatrão é um isolante, impermeabilizante, combustível, e também é sensível à luz. Espalhando este betume numa placa, e colocando em cima uma gravura tornada translúcida depois de embebida em oleo, consegue-se a magia da imagem gravada.

 

O francês Niépce conseguiu passar imagens da gravura para a chapa de cobre através de uma exposição solar demorada, em 1822. Mas isto ainda não era uma fotografia, seria um fotograma, técnica que consiste em obter imagens colocando objectos em cima de superfícies sensibilizadas (papéis fotográficos) e expondo à luz. Durante o movimento surrealista do século XX, o artista Man Ray iria usar exaustivamente esta técnica chamando-lhe inclusivamente Rayogramas.

 

Mas, para ter fotografias, faltava a câmara escura (do latim camera obscura) que, já agora, também já era conhecida há muito, pelo menos desde os tempos de Aristóteles. Se tivermos uma casa ou um tenda toda escura com apenas um pequeno buraco para passar a luz, a imagem do que está fora iluminado irá ver-se projectada invertida na parede oposta à entrada de luz. A câmara obscura era usada para a cartografia ou por pintores. Leonardo Da Vinci usava-a, por exemplo, para desenhar. No século XVI, a câmara é descrita em pormenor num manual pelo italiano Giambattista della Porta e foi amplamente utilizada pelos pintores do renascimento. 

 

A combinação da câmara obscura com os materiais sensíveis à luz também não era exactamente uma invenção de Niépce. Muitos antes dele, no século XVIII, já usavam "snapchats" digamos "avant la lettre". Conseguiam registar  imagens, só não conseguiam que elas durassem … exactamente na premissa do moderníssimo Snapchat, ou se vê agora ou não se vê mais. E as imagens não duravam, porque não era conhecida a forma de fazer com que um material sensível à luz, necessário para captar as imagens, deixasse de ser justamente sensivel à luz depois da captura. O que inevitavelmente acontecia era que a imagem, quando vista à luz, ia desaparecendo, enegrecendo por completo. Irónico que quase 200 anos depois uns tipos tenham ficado ricos por inventarem uma forma de mandar mensagens com imagens que desaparecem depois de serem vistas.

 

Um outro francês, Louis-Jacques-Mandé Daguerre, fazia grandes cenários para teatro, pintados numa papel translúcido e criava alterações de ambientes com jogos de luzes e cor, fabricando atmosferas dramáticas para as peças de teatro e os musicais. Era, portanto, um artista multimédia, e como os de hoje, interessou-se pela fotografia. Daguerre acreditava que os tempos de exposição para obter uma imagem teriam de ser mais curtos, caso contrário não se poderia obter imagens verdadeiras da natureza. Propôs-se então encurtar o tempo, numa primeira fase para meia hora, usando outros materiais e assente num novo conceito que acompanhou a fotografia durante todos os anos até ao digital. De onde vem o termo "revelar"? Daqui. Daguerre não foi o primeiro a inventar a fotografia, mas foi o primeiro a revelá-la. 

 

A sua grande invenção foi o conceito de imagem latente. O que é isto? Daguerre descobriu que, uma vez que o material sensível recebesse uma determinada quantidade de luz, a imagem ficaria formada ainda que invisível, daí latente; depois, quimicamente, poder-se-ia intensificar essa imagem para a tornar visível. Os iões de prata expostos à luz e depois "revelados" cumpriram a função desejada, e um frasco de mercúrio mal fechado num armário completou o resto da descoberta. Os vapores de mercúrio sobre a chapa escureciam as partes expostas à luz. Mas isto não chegava. Daguerre gastou mais dois anos da sua vida com o mesmo problema de Niépce: como encontrar forma  impedir que as partes claras da imagem não continuassem a escurecer gradualmente até a imagem se sumir na escuridão?. 

 

Em 1837, Daguerre encontra a solução num lixiviante utilizado na indústria dos curtumes, o hipossulfito de sódio, e em 1839, com o processo afinado e completo, Daguerre e o filho de Niépce vendem os direitos da invenção ao governo francês, em troca de uma pensão vitalícia. O daguerreótipo torna-se então o primeiro processo fotográfico generalizado e espalha-se rapidamente pelo mundo. No mesmo ano, assim que o daguerreótipo é conhecido em Inglaterra, William Henry Fox Talbot, um inglês, apresenta na Academia das Ciências um processo denominado calótipo que apresentava vantagens face ao de Daguerre. Baseava-se num negativo e permitia várias cópias em papel, enquanto o daguerreótipo era apenas uma prova única positiva uma chapa de cobre.

 

Mais uma nota de paralelismo estes primórdios e os nossos tempos. Durante o segundo e terceiro quartel do séc XIX, o daguerreótipo foi amplamente utilizado, muito embora fotógrafos e inventores continuassem à procura de outro processo que resolvesse alguns problemas do processo francês. Os daguerreótipos geralmente eram guardados em estojos que cabiam na palma da mão e, para se ver a imagem, abria-se a protecção e era necessário encontrar uma posição em que a chapa não fizesse o efeito espelhado. Algo que nos faz lembrar a forma como hoje se vêem fotografias num iphone ao sol.

 

Ao início, a técnica inglesa não teve a repercussão da inventada em França, mas em duas ou três décadas a situação inverteu-se e, durante todo o século XX, a técnica fotográfica tem por base a invenção de Talbot. É ainda no ano 39 do século XIX que Robert Cornelius, do outro lado do Atlântico, em Filadelfia, na tentativa de experimentar e aperfeiçoar o daguerrotipo, e provavelmente  na falta de uma cobaia melhor, senta-se em frente da câmara e faz a primeira selfie ficando imóvel cerca de um minuto. Algo que tinha sido um desafio para a Ellen DeGeneres, na cerimónia dos Óscares de 2014.

 

Hoje todos fotografam tudo e sobretudo fotografam-se a si mesmos. Se o chapéu vitoriano se tornou a câmara do telemóvel, talvez o sefie stick esteja a tentar impor-se como a bengala daquela época ...

 

 

Paulo Rascão é fotógrafo e foi por causa da paixão pela imagem e pela iluminação que se tornou também produtor de vídeo e realizador. É autor e realizador do The Next Big Idea, em exibição na SIC Notícias desde 2012, e há mais de 10 anos que produz filmes e documentários. Fez o curso de cinematografia no King’s College, em Londres, e frequentou a licenciatura em Filosofia da Universidade Católica que tenciona concluir um destes dias.

 

publicado às 10:09

Manga-Manga ou a história de um regresso à terra

Por : Diana Leiria-Ralha

 

Aquele foi o tempo dos grandes homens. O virar do século, as suas revoluções, a queda dos reis e a ascensão de homens que se fizeram apenas às suas custas. Foram incríveis odisseias, com todos os ingredientes da receita dos imortais: a dureza dos campos, a solidão das cidades, as peregrinações para novos mundos, um rol apaixonante de incríveis feitos e insólitas peripécias que tantos romances e filmes de Hollywood inspiraram. Mas aqui a aldeia é pequena e há uma muralha de serras e uma teia de rios a guardar esta história. Tudo ficou encerrado numa casa abandonada, cujos portões estamos a abrir, de mansinho, com um gangue de filhos atrás.

Manga-Manga

 

A nossa família tem nome de árvore, uma das mais importantes de todas, que alimenta e alumia e que, também por isso, é das mais banais de todas. Escrevo estas linhas numa casa que também ela tem nome de fruto, de uma árvore mais exótica, sobretudo nos anos 40, quando, numa aldeia junto às Caldas de São Pedro do Sul, nasceu uma quinta com vista para as serras da Arada e do São Macário, com o nome de ‘Manga-Manga’.

 

Aqui na aldeia sou a neta do ‘tio’ Oliveira, o ‘Manga-Manga’. Batem-me à porta, metem conversa sem pudores no café, como se me conhecessem desde sempre, baralham-se no meu nome, confundem-me com a minha mãe e também com a minha avó, fazem contas de cabeça aos anos que se passaram, às décadas em que a casa ficou em suspenso, adormecida e à deriva à nossa espera, do pesar que todos sentiram por esse luto prolongado, ficam de queixo escancarado pelas semelhanças da minha filha mais velha com a sua avó, a minha mãe, relembra-se a beleza do jardim de dálias, hortênsias e noveleiros, desfiam-se novelos de histórias à desgarrada, por vezes emaranhados pela neblina da memória, ou remendados ao sabor da inevitabilidade de quem conta um conto poder acrescentar sempre um ponto sobre a personagem quase lendária que foi o meu avô.

 

O meu avô nasceu um desgraçado. Algures nos registos da igreja estará o seu assento de nascimento, com a sentença mais triste que alguém pode ter: filho de pai incógnito. O pai não era incógnito, na verdade era um patife endinheirado que, do alto do seu cavalo e do seu poder quase feudal, se forçava junto das raparigas nas lides do campo. A minha bisavó, contam-me os antigos, nunca mais foi a mesma desde que o bandido Marcelino a apanhou a caminho do moinho e lhe fez um filho. Morreu cinco anos mais tarde, com a pneumónica, mas todos me contam que morreu antes, no dia em que o meu avô foi concebido.

 

A nossa família tem nome de árvore por obra e caridade de um padre da aldeia que lhe juntou o apelido ao nome de Manuel. Nasceu simplesmente Manuel. O padre vaticinou que seria Oliveira. A escolha revelou-se acertada. Se há árvore mais próxima da imortalidade é ela, a Oliveira.

Seguiram-se as terríveis provações e a fome. E os volte-faces do destino. A história de um miúdo franzino destemido de uma aldeia perdida em Lafões, que estudou e trabalhou sem descanso, que se fez ao caminho, por um itinerário sinuoso e por vezes labiríntico dos seus grandiosos e quase desmedidos sonhos. Há breve passagem por Viseu, seguida por uma viagem de barco, o sonho americano nunca cumprido acomodado na bagagem do porão. Chega-se a um porto gigantesco em África numa cidade que conhecemos apenas de fotografias a preto-e-branco. E é lá que a vida e a fortuna do destino se cumpre, décadas de trabalho e a construção de um pequeno império de estabelecimentos comerciais, nos quais o meu avô com nome de árvore plantava sempre duas mangueiras como um totem ou amuleto de sorte. Assim nasceu o ‘Manga-Manga’. Assim foi exportado para a aldeia de São Félix em São Pedro do Sul, muitas décadas mais tarde, para uma pequena quintinha de pedra.

 

Eu sou a que já nasceu num berço de metal precioso. Mas sou aquela que veio com um bando de catraios agarrados às minhas saias resgatar do esquecimento a casa do ‘Manga-Manga’. Sou a neta pródiga da cidade que voltou à procura das suas raízes, a que revolve a terra, a que a semeia e aguarda sem pressas para colher os frutos. Ao sabor das férias do Verão. Na casa velha da aldeia onde tudo começou.

 

Para o casal de trintões que nós já somos, este é o paraíso. Meio hectare de terra. Um pomar de laranjeiras histéricas de felicidade, que brotam frutos suculentos desde a Primavera sem quaisquer sinais de cansaço, e uma pereira centenária muito curvada e paciente que todas as manhãs solta peras farinhentas para o chão.

Quatro filhos soltos por aí, uma família numerosa que duplicou o seu tamanho sem aviso há um par de anos, crianças soltas com as pernas esfoladas, os braços arranhados pelas silvas, as mãos tingidas de roxo das amoras silvestres, os pés negros do pó. Uma casinha pequenina que se desdobra miraculosamente e recebe amigos e família. “A casa não se quere grande para ser igual a um ninho. O amor, na casa pequena, anda mais conchegadinho.” Está escrito num azulejo velho, embutido na parede da entrada. Era o mantra do meu avô. Passou também a ser o meu.

 

A nossa aventura rural, de regresso ao passado e construção de pontes do futuro junto às milenares Termas de São Pedro do Sul, começou há um par de anos. Ainda éramos só quatro, um jovem casal e o seu casalinho de filhos loiros. Tudo se tem feito com amor – não há outra forma de fazer bem as coisas – e bem devagar. Electrificou-se a casa. Fez-se luz, mas, inexplicavelmente, mudámos de século, e estamos na terra das águas com poderes curativos que os Romanos descobriram, mas não há água canalizada nem saneamento básico.

 

Racionamos recursos: há banhos rápidos e viagens à fonte mais próxima para matar a sede com água potável. Ensinamos aos nossos quatro filhos que a água não vem miraculosamente da torneira, tal como os ovos não nascem do supermercado. Não trazemos televisão, nem acesso à Internet – e os miúdos ressentem-se de saudades dessas coisas modernas que dão como adquiridas desde que nasceram.

Escutamos a natureza: avançamos teorias e hipóteses sobre a forma de reprodução dos caracóis, que têm um ninho junto ao poço, tememos, mas ficamos deslumbrados pelos voos rasantes sobre as nossas cabeças das vespas gigantes da terra, às quais chamam abigoiros. Analisamos girinos e ninfas de libelinhas coloridas. Cavamos buracos e plantamos árvores e arbustos, à espera que cresçam e envelheçam connosco.

 

Os dias passam devagar com as montanhas mágicas imóveis à nossa frente, num quadro com uma moldura dourada imaginada de lembranças que vamos construindo sob um sol escaldante de Verão. Cada folha do calendário é uma aventura, uma descoberta. Esqueçam os postos do turismo, que nada sabem das riquezas que a terra tem, e que encaminham os turistas e os emigrantes que regressam à terra em Agosto para as modernas e indiferenciadas infra-estruturas, para onde os fundos estruturais comunitários foram canalizados.

 

A terra tem rotundas e circulares absurdas, tem quatro cadeias de supermercados, mas não tem água canalizada e saneamento. No Verão há festas todos os dias e todas as noites, é um desfile de estrelas dos tops de venda da indústria musical nacional, está marcada uma sunset party com a presença badalada da rádio mais ouvida do país, e ainda há festas com estrelas da música pimba que se atropelam umas às outras numa rivalidade de aldeias vizinhas e de santos padroeiros. Mas quase ninguém sabe o que é e onde fica Nodar. Ou que beleza esconde o Poço Negro ou Cabaços. O Vouga, o Sul, o Paiva, o Paivô, o Zela – corremos atrás destes rios.

 

O itinerário das nossas férias faz-se dessa riqueza natural única de Lafões. Faz-se de boca-a-boca, é esquadrinhado meticulosamente pelas recordações das gentes da terra e por guias turísticos amarelecidos e não reeditados. Vamos com calma e cuidado, mas sem medo: desbravamos locais onde a natureza está praticamente intacta, chegamos a aldeias-fantasma de pedra, que ali estão à espera para nos dar as boas-vindas. Assim se abrem paisagens e territórios incríveis, para onde levamos atrelados quatro filhos, dois dos quais bebés de colo.

 

Os putos mais velhos resmungam, têm saudades da Playstation, do Cartoon Network e do Panda. A mais velha, a entrar precocemente naquela que adivinho que vá ser uma longa adolescência, telefona para os amigos para saber quem foi expulso do concurso de talentos, e saca as novidades dos últimos episódios da trama da novela.

 

Mas quero acreditar que estas serão as melhores férias de Verão das suas vidas, aquelas que recordarão para sempre com saudade e nostalgia, de coração cheio. Acredito que, no futuro, contarão a história do trisavô ‘Manga-Manga’ aos seus filhos, enquanto os empurram no baloiço que pendurámos no ramo da laranjeira. Imagino-os a contar a história do gigantesco caramanchão de glicínias que trouxeram ao colo num Verão e que plantaram com as suas mãos. Vejo-os a regressar a Nodar, ao Poço Negro e ao Poço Azul, a Meitriz, a Pouves e a Cabaços.

 

A minha família tem nome de árvore. E estas são as nossas raízes. E estes são as nossas flores e os nossos frutos.

 

Diana Leiria-Ralha é mãe de quatro filhos e autora do blog A Família Numerosa que se descreve assim: "Um casal (Diana e João), quatro filhos (Carolina, António, e as bebés Aurora e Isaura), três gatos (Pi, Manga e Farrusca) e um cão (Cenoura). Esta é a nossa família. Numerosa e feliz, como no prato da ementa do restaurante chinês". É também jornalista, apaixonada por coisas da terra e da cultura,  e actualmente ganha a vida como consultora de comunicação.

publicado às 08:00

Not lost in translation

E porque há coisas, como as regras básicas da boa educação, que nunca mudam e ainda bem, olá, por favor, obrigado, desculpe e adeus continuam a ser as palavras-passaporte para ser bem recebido em qualquer que seja o destino que escolheu para as suas férias. A tecnologia dá uma ajuda. Para estas e outras coisas.

 

Por: Helena Oliveira

google 2

 

Por mais que confiemos nas tecnologias, não é preciso exagerar na preguiça, armar-se em norte-americano ou espanhol e recusar-se a aprender as palavrinhas mágicas da boa educação na língua local. Aquelas que os nossos pais tanto insistiram que aprendêssemos e que repetíssemos, em especial quando as tias velhas nos ofereciam chocolates em troca de um puxãozinho de bochechas. Mas isso é outra conversa. O que agora nos interessa é a possibilidade de sermos mordidos por uma cobra no meio de uma selva no Vietname sem falar uma palavra do dialeto local ou comermos gato por lebre num restaurante de rua chinês só porque não fazemos a mínima ideia do que consta no menu. Temas que se tornam realmente importantes quando estamos em viagem, como acontece com muitos do que estão ou vão de férias.

 

O universo atual de apps de tradução para viajantes parece tão vasto quanto a própria Torre de Babel e tal como o “confundir de línguas” que deu origem à história bíblica, que os santos nos ajudem a saber escolher aquela que mais jeito nos dará. Ou, em contrapartida, fazer uma pesquisa nos divinos motores de busca e rezar para sabermos separar o trigo do joio. Mergulhemos então nas mais recentes ofertas de destrava línguas tecnológicos, em particular nas guerras-de-scrabble entre os principais concorrentes.

 

Google aposta na tradução visual instantânea…

 

Se é certo que o Verão continua a ser a época por excelência para os turistas zarparem para novas paragens, também é cada vez mais usual viajar-se em qualquer que seja a altura do ano. Mas tanto a Google como, uns dias mais tarde, a Microsoft esperaram pelo pico do Verão para colocarem no mercado as suas mais recentes ofertas em tecnologias de tradução. A primeira expandiu o seu repertório de línguas na sua Translate app em finais de Julho e a segunda lançou uma novinha em folha já em Agosto.

Gratuita, apesar de se aconselhar uma utilização prévia para, numa altura de aflição, não trocarmos alhos por bugalhos e dizermos alguma asneira em búlgaro, a Google app Translate não é instantaneamente nossa amiga, ou friendly como se diz na gíria. Concebida tanto para iOS como para Android, a app da Google acabou de adicionar 20 novas línguas à sua coleção – até agora tinha apenas sete, com o Português incluído nesta primeira fornada – traduzindo agora para checo, dinamarquês, búlgaro, finlandês, turco, ucraniano, indonésio, entre várias outras, com o hindi e o tailandês a funcionarem apenas a partir do “par” inglês. A app Google Translate oferece três formas de tradução de texto: através da escrita, da fala ou apontando a câmara do telefone para um sinal, um livro ou outro objeto que contenha texto, o qual é automaticamente traduzido na língua da sua escolha.

 

Em segundos, as palavras que para si eram chinês, são traduzidas para a língua que pretende, muito ao estilo da realidade virtual. Não esteja à espera, contudo, que esta funcionalidade seja útil com frases mais extensas ou complicadas. Mas, a dita app pode ser realmente vantajosa em várias ocasiões. Imagine que está a pedir indicações para visitar, uma das 60 ruas que compõem o famoso Grande Bazar em Istambul. Pode falar, escrever ou desenhar com os dedos os caracteres no ecrã do seu smartphone e seja o que for que pretende encontrar “salta-lhe”, ao jeito do velho pop-up, no turco pretendido.

Esta app permite também transliterações [imprescindíveis para alfabetos alternativos], muito úteis, por exemplo, para os que visitam aquele país que tem agora as ilhas à venda (apesar de os portugueses saberem de cor o que significa nai e oxi, não chega) e tem ao seu dispor também um ícone que poderá pressionar para que as palavras sejam pronunciadas em voz alta.

 

Uma outra funcionalidade útil para ocasiões que se repetem - como por exemplo ‘onde posso encontrar o multibanco mais próximo” – pode igualmente ser guardada numa pasta de “favoritos” de fácil acesso a qualquer altura. Depois de iniciado o processo – de escrita ou verbalização na sua língua nativa, seguidamente vista e/ou ouvida na língua de “chegada” – a app apresenta outras opções vantajosas. Por exemplo, se gosta de meter conversa na rua com os locais, pode iniciar uma conversa já traduzida no ecrã do seu telefone com quem quer que seja. A partir daí e se quiser continuar a prosa, seja via escrita ou falada, a app “ouve” e reconhece qualquer que seja a língua em causa e vai traduzindo à medida que a cavaqueira continua.

 

Tal como acontece com várias das suas concorrentes e porque a Internet quando nasce ainda não chega a todos os locais, a ferramenta de tradução visual funciona em modo offline. Mais uma vez, aconselha-se um período de exploração e habituação à mesma antes de se aventurar por línguas jamais navegadas.

 

… e a Microsoft oferece o maior menu de línguas disponíveis com particular aposta nos smartwatches

 

Apesar de já se ter aventurado pelos tortuosos caminhos da tradução online, através do Bing e em conjunto com o programa Skype Translator (que em breve fará também a sua estreia enquanto app de tradução), pela primeira vez a Microsoft resolveu expandir as suas funcionalidades de tradução não só para o mundo dos dispositivos móveis compatíveis com iOS e Android, mas também para os smartwatches.

Lançada a 7 de Agosto último, a Microsoft Translator corre em telemóveis e tablets, mas também no Applewatch e em outros “relógios inteligentes”, se bem que em férias mais inteligente seria não usar relógio. Apesar de não apresentar funcionalidades por demais inovadoras face à concorrência, a app da Microsoft permite escrever ou verbalizar a palavra ou frase que se quer traduzir, mostrando o texto traduzido no ecrã e repetindo-o em voz alta. É também possível copiar e colar texto de e para outras apps e passar à sua tradução. Para já, a Microsoft vai à frente no número de línguas que disponibiliza para texto e voz – 50 – e é com este número redondo que decidiu entrar em território até aqui dominado pela Google.

 

Sem ter a opção da câmara da sua concorrente acima mencionada, o Microsoft Translator oferece benefícios extra aos utilizadores do Apple Watch (será que Steve Jobs estará a sorrir do além?). Tal como qualquer 007 moderno que se preze, o utilizador pode falar diretamente para o seu relógio e obter a tradução instantânea em qualquer uma das 50 línguas disponíveis. A app consegue ainda pronunciar corretamente a frase por si “comunicada” através do mesmo e todas as traduções e definições são sincronizadas entre o relógio e o seu telefone.

Em termos de satisfação e por ser ainda muito recente, não foram ainda muitos os utilizadores que a avaliaram, mas em termos gerais alcança uma pontuação de 4.5 (em 5), exatamente a mesma que é dada por um número significativamente superior de utilizadores que o fizeram na Google Play store. O único senão (porque quanto mais se tem, mais se precisa) é que para algumas línguas, como o hebreu, o tailandês ou o vietnamita, a dita app da Microsoft não oferece a opção “falada”. Não sabemos como é que os pobres viajantes irão conseguir viver sem esta opção, mas a vida é assim. Dura, mesmo em férias.

 

Sem precisar de tradução, uma última e obrigatória sugestão

 

Chama-se Toilet Finder e, para o comum dos mortais, deverá ser a mais importante app de todos os tempos. Tal como o nome indica, esta app ajuda-o a encontrar as casas-de-banho públicas mais próximas seja lá onde estiver e a vontade apertar, oferecendo ainda informações adicionais como, por exemplo, se a mesma tem condições para trocar as fraldas do seu bebé ou acesso para pessoas com deficiência. Com mais de dois milhões de downloads efetuados, a aplicação “onde está a casa-de-banho mais próxima” é um sucesso. Criada pela BeTomorrow, sedeada em Bordéus, esta app conta com a maior base de dados das ditas do mundo inteiro e, desde que foi criada, nunca mais parou de responder às mais urgentes necessidades dos seus utilizadores.

 

Helena Oliveira é editora do Portal VER, tradutora e autora de “Palavras de Steve Jobs” e coordenadora de várias publicações na esfera económica. Gosta de fazer incursões noutros territórios editoriais e, desta curiosidade resultou já o conto infantil “O verdadeiro Pai Natal”. Gosta de ler, e de ler, e de ler, que são basicamente os seus hobbies favoritos. Antropóloga de formação, interessa-se pelo comportamento humano em geral, e pela sua interceção com as tecnologias em particular. O estranho e culturalmente fértil mundo das empresas é, igualmente, uma das suas áreas de preferência.

publicado às 10:00

O Super Fundo, o Super Agente e o Génio numa Liga que se quer Super

O primeiro pontapé da bola da época 2015-2016 da Liga NOS será dado hoje, 14 de agosto. O Sporting Clube de Portugal apadrinha o Clube Desportivo de Tondela na sua estreia entre os maiores do futebol português. O Estádio Municipal de Aveiro, que deveria ser a casa de um clube que foi relegado para os Distritais devido a questões financeiras (Beira-Mar), é o palco, emprestado, de um clube que subiu a pulso à custa do rigor orçamental.

 

Por: Miguel Morgado

 

futebol

 

A Liga, com novo inquilino, o ex-melhor árbitro do mundo, Pedro Proença, quer estar entre as melhores das melhores. No topo do futebol europeu. Esse é, para já, um desejo. A competitividade é outro. E nesse campo, o palco da história da competição tem sido objectivamente dividido entre dois clubes, embora o terceiro nunca se possa descartar. Para os três crónicos candidatos – Benfica, Porto e Sporting – a próxima época será um tanto ou quanto diferente das anteriores. A obrigatoriedade de ganhar títulos é inerente ao ADN das equipas. Até aqui nada de diferente, mas, este ano, em particular, não será uma questão de vida ou morte, mas andará lá muito perto. Não no sentido literal, descansem, mas os três presidentes das três instituições desportivas estarão debaixo de escrutínio mais apertado por parte de sócios e adeptos. Porquê? Passemos a explicar.

 

O Futebol Clube do Porto e Jorge Nuno Pinto da Costa confundem-se numa história repleta de títulos. Perder, ou antes, não ganhar, é como aquelas letras minúsculas de alguns contratos. Estão lá mas ninguém repara. Só olhamos para o que compramos. Para o bolo, que no caso está bem recheado de faixas, títulos e taças. Agora, quando os outros ganham, significa que o Porto não venceu....É pois, se dois anos sem festejar nada junto à Câmara Municipal, podem provocar muita azia em estômagos habituados a francesinhas, se somarmos mais um ano de jejum, avizinha-se algum contorcionismo lá para os lado da Foz. Porque só os diamantes são eternos e porque Pinto da Costa quererá, quando assim entender, sair de cena com mais uma medalha ao peito, a aposta é grande. E de risco. Tal como no passado recente, e com muito sucesso, o “casamento” com o Super Fundo, Doyen Sports, serve para fazer aterrar na Invicta estrelas de outros campeonatos, estrelas essas que, mais tarde, ou mais cedo, farão as malas rumo a outras super Ligas. Algo a que este “casal” está habituado. E até se dá bem.

 

Reconhecidamente um dos clubes que está sempre um passo à frente no que toca ao futebol, e porque, por enquanto, a proibição dos TPO (Third Party Onwership), ou seja, a participação de terceiros (fundos de investimento, por exemplo) nos direitos económicos dos jogadores, foi decretada pela FIFA (artigo 18 ter do Regulamento do Estatuto e Transferências dos Jogadores), o Porto fez uma finta, e continua a garantir o concurso de craques, que de outra forma não conseguiria. Como? Seja via TPI (Third Party Investment). Ou seja, o Fundo empresta o dinheiro para a aquisição dos direitos federativos, funcionando assim como uma entidade bancária, seja utilizando os serviços de intermediação, ou até recorrendo a uma “barriga de aluguer”, isto é, um clube, no caso concreto uruguaio (Sud América), que comprou o avançado Pablo Osvaldo, registou os seus direitos, e que, de seguida, emprestou o ítalo-argentino aos Dragões. Definitivamente um golaço fora de campo. A ver vamos se dá frutos no relvado.

 

Aquele que tira as pérolas do Seixal com uma mão.... 

 

O Sport Lisboa e Benfica parte para os próximos meses depois da embriaguez de títulos dos últimos dois. E se recuarmos até ao dia em que Jorge Jesus entrou pelas portas adentro do Seixal, encontramos muitas razões que fizeram sorrir (campeonatos e Taças) e também chorar (finais da Liga Europa) sócios e adeptos do clube da águia. Com JJ, Benfica jogou, voou e sonhou bem alto. E festejou.

Bi-campeonato conquistado e eis que o mundo encarnado parece desabar. Embora Luis Filipe Vieira recupere uma frase que se costuma ouvir mais a norte de “a estrutura...”, aquele a que podemos chamar o Dono Daquilo Tudo, leia-se dos títulos, troféus e finais, Jorge Jesus, foi-se. E não para longe, mas para bem perto. E ter um “fantasma” a viver ao nosso lado, não é nada agradável. E dói.

 

Para piorar, a pré-época das águias foi ao nível da pré-campanha do Partido Socialista. As figuras de cartazes não devem passar de figurantes no plantel. Ao ponto de Rui Vitória, no jogo da Super Taça, ter que se socorrer de caras do Seixal (deixando os rostos da Junta de Freguesia de Arroios para outros campeonatos). Depois da derrota num simples jogo, Vieira terá que explicar muito bem explicadinho a aposta feita. Ao contrário do PS não há, até à data, demissões de “diretores de campanha” nem “mea culpa” na escolha das opções feitas. Antes, Vieira, que já o tinha feito e continuará a fazer, irá desdobar-se em cada Casa do Benfica por esse país fora. Até dia 31 de agosto, aquele que com uma mão coloca pérolas do Seixal pelo preço mínimo garantido de 15 milhões em Espanha, França e outras paragens, ajudará, com a outra. Falamos de Jorge Mendes, o Super Agente, que tal como no passado, nos últimos dias de fecho do mercado, com pós de perlimpimpim, pezinhos de lá e mãos cheias de euros, “mete” cá os seus representados. Uma estratégia que tem dado lucros, desportivos e financeiros.

 

O Génio que mudou de lâmpada

 

Por último, o Sporting de Jorge Jesus e de Bruno de Carvalho. Eterno corredor por fora destas contas, este ano assume a luta por dentro. Para tal, o jovem presidente que já tinha no currículo o fato de ter tido olho para ir buscar, em dois anos, dois dos grandes treinadores portugueses (Leonardo Jardim e Marco Silva), conseguiu, ao terceiro ano, tão só, ir buscar o maior entre os maiores. Numa jogada de mestre conseguiu ter o génio da bola ao seu lado no banco onde gosta de estar. E continuará a estar.

Roubando o “cérebro” ao eterno rival, ao mesmo tempo que esventra o coração alheio, enche a alma leonina. E se enche. Jorge Jesus, fala como um homem, veste-se como um homem (o tratamento e as madeixas capilares é de homem moderno, diga-se), por isso, toda a nação sportinguista diz ser o homem certo.

 

BdC, envolvido em batalhas internas e externas, sabe que a mais saborosa de todas será o título de campeão nacional. Ou mais taças, para juntar às que conquistou. Jogou, por isso, em vésperas de eleições, uma cartada bem forte. Enquanto as atenções benfiquistas estão centradas na Portela, nas Chegadas, os vizinhos da segunda circular, não querem ver nem ouvir a palavra Partidas. Rodando a bússola a Norte, até ao lavar dos cestos é vindimas, por isso é provável um entra-e-sai. Para já, um teve guia de marcha. Adrian Lopez, do Super Agente Mendes. 

 

No fim fazem-se as contas. Antecipamos, desde já, que para quem não vencer a Liga será um “ai Jesus”. Ao vencedor os seus fiéis adeptos responderão com um Amém, enquanto aos outros resta pregar fé pelas suas freguesias. Jesus, Bruno de Carvalho, Vieira, Rui Vitória, Pinto da Costa ou Lopetegui. Um deles, ou a dupla, será apelidado de Super-Herói (s) da Liga 2015-2016. Só esperamos que não vistam o tradicional kit de capa e collants. Porque ver qualquer um deles assim, não seria uma imagem compatível com uma Liga que se quer Super.

 

Miguel Morgado é jornalista, tendo trabalhado no Jornal de Negócios, Euronoticias, Revista Política e Revista “Ganhar” (Jornal de Negócios). Foi editor de Desporto de dois jornais regionais  (Jornal de Oeiras e Jornal de Cascais) e do site www.desportnalinha.com . Atualmente, é assessor de Impensa na Cunha Vaz e Associados. Esteve inserido nas estruturas de comunicação do Sporting Clube de Portugal, Federação Portuguesa de Rugby, CTT e RTP, entre outros clientes. Licenciado em Relações Internacionais e Pós Graduado em Jornalismo e Comunicação, pelo ISCTE está a terminar uma tese sobre “Fundos de Investimento no Futebol – Third Party Onwnership” no âmbito da Pós –Graduação de Finanças e Direito do Desporto, na Faculdade de Direito de Lisboa. Casado e pai de 4 filhos. Gosta e pratica futebol, surf e rugby.

 

publicado às 15:00

Alguém já viu os boletins anti-abstenção?

Já viu os novos boletins de voto, com a categoria “não respondo”? Eu também não. Mas gostava de ver, e já nas legislativas de Outubro. 

 

Por: Marisa Moura

Alguém já viu os boletins anti-abstenção?

 

 

Boletins há muitos por este mundo fora – desde as nossas simples folhas para assinalar uma cruz, passando pelo colorido caderno suíço, o voto online holandês ou o boletim-borboleta de Palm Beach, com furinhos, que agitou as presidenciais norte-americanas em 2001. Eu gostava que os nossos interpelassem todos os eleitores, incluindo aqueles que não se revêem em nenhuma das opções listadas: a tal maioritária “abstenção” que atingiu os 42% nas últimas legislativas, de 5 de Junho de 2011. Estava Portugal há três semanas sob o Programa de Assistência Financeira (PAF) da troika quando 2,2 milhões de eleitores, perante uma lista de catorze possibilidades, puseram a cruz no PPD/PSD, e este faria governo coligado ao CDS/PP (654 mil cruzes, versus 1,6 milhões do PS), até agora.

  

Com os actuais boletins, quem não se revê em nenhuma das candidaturas, que se lixe nas eleições! Abstenha-se (os tais 42% das últimas legislativas). Ou remeta-se ao silêncio (2,7% de votos brancos). Ou vandalize o boletim (1,4% de nulos). Isto não faz sentido nenhum. Nem do ponto de vista da urbanidade, nem da democracia, nem da comunicação, nem sequer da segurança. Se não assinamos documentos em branco, por que havemos de deixar em branco a nossa declaração de voto? Se “tagar” o espaço público dá coima até 25 mil euros, por que é que o Estado nos induz a vandalizar o boletim? Se qualquer estudo de mercado apresenta ao inquirido as hipóteses “não sei” e “não respondo”, por que é que o questionário-magno da Democracia nos desconsidera com essa omissão?

 

Bem sei que há desígnios mais prementes (nomeadamente instaurar o tal sistema em que possamos votar em pessoas em vez de partidos, e com primárias, como António Costa começou a implementar no PS), mas enquanto a revolução não arranca (falamos dos círculos uninominais há uns trinta anos), procedamos aos aquecimentos. Revejamos os boletins! Urge a sensação de que algo realmente mudou nesta Democracia após quatro anos de PAF. Assim, mesmo que, em Outubro, continuem no poder os partidos do actual governo (que vão a votos coligados sob a graça de PAF – Portugal à Frente), a posteridade terá uma marca distintiva neste plebiscito realizado dezassete meses após o PAF (o da troika, findo em Maio de 2014).

 

A forma como os boletins de voto comunicam com os eleitores portugueses é, no mínimo, deselegante. Com a agravante de sermos dos países mais abstencionistas da Europa. Entre os 28 estados-membros da União Europeia, fomos o oitavo maior abstencionista nas europeias do ano passado, com 66% de abstenção, numa média de 57,4% – com a Bélgica e o Luxemburgo entre os maiores votantes, porque aí, tal como em cerca de 30 democracias terrestres, votar é obrigatório. Boletins que comuniquem com todos os potenciais eleitores, precisam-se!

 

O abstinente declara oficialmente o seu descrédito e poupa-se ao estigma do “Com que então foste para a praia, hein?”, que também inquina a Democracia – apesar de já ter sido demonstrado que a meteorologia não interfere linearmente com a adesão às urnas, estando as causas mais ligadas à iliteracia, à actualização dos cadernos eleitorais (a Comissão Nacional de Eleições assinala 9,6 milhões de “inscritos” em 2011 quando a população residente no país, com mais de 15 anos, era de 8,9 milhões, e só votam os maiores de 18 anos) e aos eleitores emigrados (abstiveram-se 83% dos residentes no estrangeiro). Não sendo a abstenção tão alta como se pinta, adivinham-se, todavia, disparos entre os emigrantes, dada a histórica debandada desde 2011, com o início do PAF.

 

Dará brado mundial a iniciativa portuguesa contra a abstenção, dada a pertinência internacional do fenómeno e o fraquinho dos editores por estas “histórias giras”. E ainda melhor imprensa teremos se incluirmos algum merchandising na acção. Quem vota, recebe uma caneta com uma inscrição do estilo “Eu escrevo a história de Portugal”. Até pode ser simbólica, em papel, para marcar livros. Algo mudaria nas nossas eleições. No mínimo haveria um certo buzzzzz, já que as políticas parecem continuar as mesmas.  

 

Marisa Moura, autora do livro “O que é que os Portugueses Têm na Cabeça?”

publicado às 09:10

Cinco filmes que nos fizeram viajar

Não sabemos se vos acontece o mesmo, mas, por vezes, somos influenciados pelos frames que nos ficam na retina dos cenários que suportam as histórias do cinema.

Por: João e Ana, do blog Volto Já

 

Acreditamos no poder do cinema e na facilidade com que nos transporta para outros locais, mesmo sentados no sofá ou numa sala de cinema. E é por isso que, muitas vezes, damos por nós a fazer as malas à boleia de filmes que nos fazem viajar. Eis a nossa lista dos filmes que já valeram milhas aéreas.

 

1- The Beach, de Danny Boyle (2000)

Há 15 anos víamos o jovem Leonardo Di Caprio a lutar por uma praia que equivalia ao paraíso para os seus habitantes. O momento em que, pela primeira vez, vimos a Maya Bay, nas Ilhas Phi Phi (Tailândia), foi de tirar o fôlego, questionando-nos se a praia existia mesmo ou se era um truque da produção ... Descansem, existe mesmo e é, sem dúvida, magnifica. Com a popularidade do filme, o turismo cresceu na ilha tailandesa e é impossível desfrutar deste pedaço caído do céu sozinho. Bem, impossível não é, pois há a possibilidade de lá acampar, ainda que tenha provavelmente que partilhar Maya Bay com outros campistas. Mesmo acompanhado, vale a pena.

Leonardo DiCaprio em The Beach

 

2- Lost in Translation, de Sofia Coppola (2003)

A filha do mestre Francis Ford Coppola conseguiu transmitir algo que parecia impossível: o reencontro do 'eu' na agitada cidade de Tóquio. Pelo menos, é o que Bill Murray e Scarlett Johansson foram fazer à capital japonesa. Cá entre nós, não nos parece a cidade ideal para tais introspecções, mesmo sendo o filme muito bom, assim como a cenografia. Mas Coppola conseguiu apimentar a curiosidade por Tóquio, transmitindo a amabilidade dos japoneses e as cores da cidade, misturando na perfeição a loucura das salas de jogo e o karaoke. Aliás, o New York Bar, no topo do Park Hyatt, bem pode agradecer ao filme os muitos turistas que por lá passam.

Lost in Translation

 

3- A good year, de Ridley Scott (2006)

Quem viu o filme sabe o quão difícil foi segurar a vontade de entrar no próximo avião e rumar à Provença quando entraram os créditos. Russell Crowe é um empresário muito ocupado que parte para o sul de França depois de herdar um 'château' de um tio querido que acabou de falecer. Lá encontra a tranquilidade, e também Marion Cotillard. Não é preciso ser um bom filme para nos fazer viajar. Este filme é a prova disso. As paisagens, as cores, o calor e o restaurante de Fanny (Marion Cotillard) são razões suficientes para querermos amar num lugar diferente, de preferência na Provença.

A Good Year

 

4- To Rome with Love, de Woody Allen (2012)

Bem, o filme é muito fraco, até os fãs do realizador concordam connosco. Mas Roma é sempre bela, mesmo com um mau guião. As ruas estreitas, as cores, as fontes, os monumentos e a comida estão no filme e, por isso, perdoamos Woody Allen. Achamos até que a decisão de fazer este filme foi uma desculpa do realizador para poder tirar umas férias na capital italiana. Alguém o pode censurar? A Piazza Venezia, o Vittorio Emmanuele II, a Fontana de Trevi, o Caffè della Pace e a belíssima Via Margutta estão todas lá e isso salva o filme. Allen continua mestre em fazer dos seus filmes verdadeiros documentários das cidades.

To Rome With Love

 

5 - Sex and the City, Darren Star (1998-2004)

Vamos fazer batota e terminar esta lista com uma série. Isto porque colocar os filmes não seria a mesma coisa para os fãs de Carrie e companhia. Os restaurantes e bares mais trendy, os rooftops mais vistosos estão lá e fazem qualquer mulher pegar nas amigas e viajar para a badalada cidade norte-americana. Para o sexo masculino, e caso viaje com a namorada ou amigas, não vale a pena ficar preocupado com a histeria feminina ao tirar fotografias na Magnolia Bakery ou em frente à casa da Carrie. Afinal, para elas são verdadeiros monumentos.

Sex and the city

 

Menção honrosa

Já fizemos batota no ponto 5 e não queríamos voltar a fazê-lo, por isso criámos esta menção honrosa... não deu para aguentar. Em 2012, o famoso fotógrafo Mario Testino rodou o anúncio publicitário para a Dolce and Gabbana na Sicília. Os poucos segundos do comercial foram suficientes para nos levar até esta bela ilha italiana. E sabem que mais? É muito melhor do que vimos nas imagens. O anúncio foi filmado na Riserva Naturale Dello Zingaro. Entrem no avião e visitem a Sicília. Já.

Riserva Naturale dello ZIngaro

Christof Halbe, domínio público

 

João e Ana: Além de um casal apaixonado um pelo outro, também somos apaixonados por partilhar as nossas experiências em viagem. É algo que nos faz redescobrir o prazer de gostar tanto da vida. Somos o João e Ana, quase casados, e decidimos criar o blogue Volto Já, feito para pessoas que pertencem a vários lugares. Lugares esses que gostamos de conhecer pela experiência de ser apenas mais um no meio de tantos, falando por exemplo das movimentadas ruas de Tóquio. Ou subir ao topo do Pão de Açúcar e ficar deslumbrados com o Rio de Janeiro. Sem esquecer as luzes estonteantes de Nova Iorque. Mas gostamos de declarar um amor incansável pela Europa. França e Itália estão no nosso topo de preferências. Países que nos oferecem tudo o que precisamos para ser felizes. O tempo avança e as responsabilidades aumentam, mas não vamos parar de viajar. Queremos dizer sempre “voltamos já”.

publicado às 09:00

Pág. 1/2

Arquivo

  1. 2016
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2015
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D